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    Mais educados on-line, jovens se cansam de debate virtual, diz psicóloga

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    13/03/2016 02h00

    Marcus Leoni - 11.mar.2016/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 11.03.16 11H A publicitaria Tatiana Vecchia saiu do Facebook porque a exposicao a incomodava.(Foto: Marcus Leoni / Folhapress, COTIDIANO)
    A publicitaria Tatiana Vecchia, 24, que se cansou do Facebook e desativou a conta

    Enquanto adultos pensam em desativar suas contas de Facebook, adolescentes brasileiros já pouco usam a rede. Parte migrou ou está migrando para o Snapchat e o Instagram (que pertence ao Facebook), redes sociais de compartilhamento de vídeos e fotos.

    "É mais instantâneo e visual, e não há o trabalho de escrever longos textos", diz a psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia e Informática da PUC-SP.

    Para Andrea, os adolescentes são mais educados virtualmente e sabem diferenciar a rede social da vida real quando se trata dos debates on-line. "Os mais novos sabem que é diferente, que face a face você desenvolve mais o assunto, e que na internet isso já enche, satura", afirma. "Já os mais velhos têm a tendência de dar continuidade às relações que vivem presencialmente."

    Fábio Malini, do laboratório de cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, diz que os adolescentes "sabem que ali as conversas não são de luta. São de fluxo, muito mais para brincar do que para entrar no nível da discussão intelectual."

    Ele ressalta que o jovem está em processo de aprendizagem e formação vocabular e que isso o afasta dos debates políticos em espaços públicos.

    O texto de uma criança "viralizou" nos EUA em 2013: "Tenho 13 anos e nenhum amigo meu usa Facebook", era seu título. Em 2015, a autora publicou outro texto: "Tenho 15 anos e todos meus amigos usam Facebook".

    Apesar da mudança de hábito, a autora relatava menor força do Facebook frente a outras redes sociais em sua geração. O debate sobre a evasão de jovens da rede social tomou força nos EUA. Estudos mostraram que o uso do Facebook diminuiu entre jovens, apesar de ainda ser líder. Andrea diz que não há pesquisas no Brasil sobre o uso dessa rede entre jovens, mas que a tendência é a mesma.

    A paulistana Marina, 13, tinha 11 anos quando criou sua conta no Facebook. No meio do ano passado, porém, parou de usá-la. "São meus pais que usam", afirma. "Enjoou, não mudou nada. Nenhum amigo usa, então deixei de usar." Ela tem contas de Instagram e Snapchat. Conversa com amigos via WhatsApp.

    Sua amiga Carolina, 14, afirma nunca ter criado conta no Facebook. "Parece ser bom para saber da vida dos outros, mas deve ser meio cansativo", afirma.

    QUEM SÃO ELES?

    A exposição também cansa. É o caso da publicitária Tatiana Vecchia, 24, que desativou sua conta no ano passado. "Um dia olhei para meu Facebook e vi que tinha 1.300 amigos. Parei para pensar: quem são essas pessoas?", relata. "Via várias coisas que não queria acompanhar. Eu também me expunha para elas."

    Hoje, a única rede social que usa é o Instagram –reduziu seus 800 seguidores para 100. "Perco as coisas no momento em que acontecem, mas acabo descobrindo mais coisas por meio do diálogo."

    O artista Rafael Amambahy, 27, outro sem Facebook, diz achar que sua geração é mais "analógica", desacostumada a lidar com tudo acontecendo simultaneamente numa página.

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