Dois motociclistas morreram, na sexta-feira e no domingo, ao serem atingidos por pedras no peito em diferentes tentativas de assalto no trecho sul do Rodoanel. A primeira vítima, o promotor de vendas Paulo Ricardo da Cunha, 35 anos, saiu de sua casa em Itapevi, (Grande São Paulo) na noite de sexta-feira, para passar o fim de semana com a família em Bertioga (103 km de SP) quando foi atingido por uma pedra na região do tórax ao passar pelo quilômetro 46, sentido rodovia Imigrantes.
Ele chegou a ser levado para o pronto-socorro de Itapecerica da Serra (Grande SP), mas não resistiu. Na garupa estava sua cunhada, Cícera Pastora da Rocha, 45 anos, que sofreu ferimentos leves. Dois dias depois, no domingo, o motorista de caminhão Eduardo Ferreira dos Santos, 29 anos, também levou uma pedrada na mesma região do corpo quando passava com sua moto pelo km 45 do trecho sul do Rodoanel, no sentido Taboão da Serra, por volta das 21h.
Ele voltava com a namorada, que estava na garupa, de um fim de semana na praia. O casal, de Taboão, foi socorrido no pronto-socorro de Itapecerica da Serra, mas o motorista morreu. A namorada ainda está internada e passa por cirurgia na bacia, fraturada no acidente. A causa da morte das duas vítimas foi a mesma: politraumatismo torácico.
O delegado Christian Nimoi, da 1ª Delegacia de Itapecerica da Serra, responsável pelas investigações, solicitou à SPMar, concessionária do trecho, as imagens captadas pelas câmeras para identificar os criminosos.
Denúncias anônimas levaram policiais a encaminharem ao menos nove jovens na tarde de ontem à delegacia de Itapecerica da Serra para averiguações.
Dois jovens que trabalham em um lava-rápido no bairro Jardim Jacira foram os primeiros a serem conduzidos. Um deles tem 15 anos e o outro, 18 anos. "Vi esse menino nascer, ele é um adolescente levado, mas nunca vi fazer nada de errado", diz o patrão, Massilon Ferreira Pontes, 49 anos, sobre o menor de idade. A polícia não havia pedido a prisão de nenhum acusado até o fechamento desta edição.
BANDO FUGIU SEM LEVAR NADA
A coordenadora de restaurante Cícera Pastora da Rocha, 45 anos, estava na garupa do cunhado Paulo Ricardo da Cunha, 35 anos, quando ele levou a pedrada fatal na sexta-feira quando passavam pelo Rodoanel.
Ela lembra que sentiu o impacto do capacete do cunhado batendo nela, mas não imaginou que tivesse sido causado por uma pedra. "Ainda perguntei o que tinha acontecido, mas ele não respondeu", lembra.
A vítima ainda dirigiu a moto por alguns metros até cair no acostamento. "Só fui perceber que ele estava ferido quando estávamos no chão", diz a cunhada. Cícera e o cunhado iam com familiares e amigos passar o fim de semana em Bertioga (103 km de SP), como fazem todos os anos.
A mulher e a filha de 12 anos de Cunha estavam no carro a poucos quilômetros à frente dos dois e não viram a ação dos bandidos. Cícera também não conseguiu ver de onde veio a pedrada. "Estava tudo muito escuro, não consegui ver nada." "Trabalhamos o ano todo e, quando vamos nos divertir, acontece uma tragédia dessa."
Rivaldo Gomes/Folhapress |
Na altura do quilômetro 77, em Jardim Represa, em São Bernardo do Campo, junto às favelas, os motoristas tem os carros atingidos por pedras |
Há pouco mais de um mês, o "Agora" publicou reportagem alertando os motoristas sobre pontos no Rodoanel com maiores índices de assalto. A reportagem fez um mapa com os pontos mais perigosos nos 133 km de extensão do anel viário. Um dos trechos apontados com maior risco foi o sul. Do km 37 ao km 48, em Itapecerica da Serra, o mapa apontou maior incidência de roubo de carga. As duas mortes recentes ocorreram nesse trecho.
Na época da reportagem, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que o policiamento é ostensivo e constante em todo o Rodoanel. Ontem, a secretaria afirmou que mudou o esquema de patrulhamento no entorno dos locais dos crimes após as duas mortes. A pasta também afirmou que pediu à concessionária SPMara instalação de câmeras de vigilância que são monitoradas pela PM. A PM também vai pedir reforço na iluminação e limpeza do local.