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    Haddad enfrenta manifestação de moradores de invasão em Paraisópolis

    GUILHERME BRENDLER
    DE SÃO PAULO

    16/03/2016 13h49

    O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), enfrentou na manhã desta quarta-feira (16) protestos de moradores de uma ocupação em terreno da prefeitura em Paraisópolis (zona sul).

    Cerca de 50 moradores estiveram na palestra que Haddad deu a alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, na região central da cidade. Após a fala do prefeito, os moradores começaram a gritar palavras de ordem, como "Paraisópolis está aqui e o prefeito vai ter que ouvir!".

    O terreno fica no Parque Sanfona. A prefeitura pretende construir uma escola de música no local. Segundo os moradores, cerca de 450 famílias vivem há um ano no terreno do município. A prefeitura pediu a reintegração de posse, que deve ocorrer em abril.

    Danilo Verpa - 8.mar.16/Folhapress
    Moradores de Paraisópolis foram a evento para levar reivindicações ao prefeito Haddad, em 8 de março
    Moradores de Paraisópolis foram a evento para levar reivindicações ao prefeito Haddad, em 8 de março

    Haddad não gostou da abordagem dos moradores. "Recebi vocês com muita educação, diferente do que vocês estão fazendo", disse a um dos líderes do grupo. O prefeito disse que se reuniu com líderes da comunidade na terça (15) e que se comprometeu a dar uma resposta sobre uma possível solução até o fim desta semana.

    EXIGÊNCIAS

    De acordo com o prefeito, o grupo exige o auxílio-moradia para todos os moradores da área invadida, mas, segundo ele, a legislação só autoriza o pagamento a famílias que vivem em áreas de risco. "A secretaria [da Habitação] mapeou a área de risco e identificou 93 famílias, e foi feito o acordo [judicial]. Pelo acordo, essas 93 famílias receberiam o auxílio-moradia e as demais teriam que desocupar o terreno", afirmou.

    Para Juliana Oliveira, líder comunitária em Paraisópolis, a comunidade local sofre com o descaso da prefeitura em todas as áreas. "Não é a primeira vez que a gente vem falar com o prefeito. A gente tomou essa atitude agora, depois de pedirmos para sermos ouvidos e ninguém nos ouve. Tomamos a decisão de ir a todas as agendas do prefeito até que se dê uma posição."

    Na terça-feira da semana passada (8), cerca de 50 moradores do Parque Sanfona foram à inauguração de um laboratório de fabricação digital feito pela prefeitura, mas Haddad não compareceu ao compromisso agendado.

    "Existem mais mulheres, senhoras, idosas e deficientes que estão nessa situação de risco. Como dizer a uma senhora com três, quatro filhos que ela precisa deixar sua casa? Ela vai voltar para uma área de risco", disse Juliana.

    Em nota, a Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) afirmou que pelo acordo judicial, a prefeitura vai atender as 93 famílias até o dia 24 de março.

    "A Secretaria da Habitação reitera que este tipo de ocupação interrompe obras em andamento, coloca em risco a população que ocupa, e não proporciona nenhuma prioridade de atendimento". Ainda segundo a nota da Cohab, "a obra faz parte de um conjunto de intervenções em Paraisópolis, beneficiando 20 mil famílias".

    MINHOCÃO FECHADO

    Na palestra para alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, o prefeito disse que a cidade deveria testar o fechamento total do Minhocão para saber que efeitos teria.

    "Talvez fosse o caso de, em vez de tomar uma decisão radical [derrubar o elevado], convencer a cidade a fechá-lo por um ano para ver o que acontece." Uma das coisas que mais prejudica a cidade, segundo Haddad, é a falta de experimentalismo.

    "O gestor público fica muito inibido de fazer testes, fica com medo que a [rádio] Bandeirantes vai falar, a Jovem Pan vai falar mal, a CBN vai falar mal. Todas as rádios vão falar mal. Quem aguenta três, quatro meses de comentaristas, PhDs [doutores] em mobilidade urbana falando mal de você. É difícil aguentar", disse.

    Haddad disse ainda ter "quase certeza" de que, se a população de São Paulo for questionada sobre o que fazer com o elevado, a maioria dos paulistanos dirá que ele fique como está.

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