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    Motoristas do Uber devem suspender serviço por um dia após a Páscoa

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    17/03/2016 23h48

    Andrew Caballero-Reynolds/AFP
    o: (FILES) This March 25, 2015 file photo shows an UBER application viewed as cars drive by in Washington, DC. They drive for Uber, deliver groceries for Instacart, run errands for TaskRabbit, and rent their spare rooms on Airbnb. Are these the new, empowered participants in the "sharing economy," or workers being exploited by emerging technology companies? That is an open question as millions of people shift from traditional employment to freelance "gig" work which gives them more independence, but without the social safety net of employees. Estimates of the number of these "gig economy" workers vary, but they are growing. AFP PHOTO/ ANDREW CABALLERO-REYNOLDS ORG XMIT: ACR01
    Passageiro mostra aplicativo Uber em celular

    O serviço do aplicativo Uber no Brasil deve ter um dia atípico na segunda-feira após a páscoa, 28 de março. Motoristas do serviço ameaçam a realização de uma greve, ficando off-line durante 24 horas a partir das 5h do dia 28.

    O motivo, segundo comunicado que tem circulado em grupos virtuais dos profissionais, é o "valor irrisório" cobrado pelas corridas frente ao custo dos motoristas para manutenção.

    "É um trabalho que não compensa", diz Alexandre Freitas, 42, um dos idealizadores da paralisação. "Tem gente que está trabalhando mais de 12 horas por dia para tirar muito pouco." A reivindicação da categoria, segundo Freitas, é o aumento de 20% no preço das corridas e um maior controle na entrada de novos veículos no serviço.

    "O Uber está colocando muito carro, a pessoa entra [no serviço] e não consegue fazer corrida", afirma Cláudio Roberto, 30, motorista pelo aplicativo há mais de um ano. Ele apoia a greve. "É inviável sustentar um carro com essa [baixa] demanda. Ficar off-line vai chamar a atenção deles."

    Editoria de arte/Folhapress
    UBER DE ALUGUELExpansão do serviço leva empresas e motoristas a negociarem veículos

    Para o presidente da associação dos motoristas do Uber, Nelson Bazolli, os valores baixos do serviço podem ser um diferencial para atrair clientes, mas não cobrem os custos dos motoristas. "Deixa de se dar água [aos passageiros], deixa de se dar bala, os pneus começam a desgastar, a manutenção e a limpeza do carro não conseguem ser mantidas em dia. Já escutamos que a qualidade está caindo", afirma.

    Com a redução das tarifas em 15% em novembro, Bazolli diz que os motoristas têm que "trabalhar mais para ganhar a mesma coisa". "O Uber vendeu um sonho em que os motoristas tiravam R$ 7 mil [por mês]. Hoje não dá para tirar R$ 2 mil."

    A greve não deve impactar apenas os ganhos da companhia no dia 28. O eventual número escasso de motoristas do Uber em atividade fará com que a taxa dinâmica do aplicativo –baseada em oferta e procura– suba, o que deve onerar o passageiro que optar pelo serviço no dia.

    Em nota, o Uber informou ter aferido, com base em dados de mais de 400 cidades de atuação, que a redução dos valores aumenta a procura de usuários e que, com isso, os motoristas farão mais viagens, chegando até a ganhar mais. "O aumento na demanda significa que os parceiros passam a fazer mais viagens por hora e ficam menos tempo rodando entre uma viagem e outra", diz a nota.


    Colaborou JULIANA GRAGNANI

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