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    Avião que caiu em SP teve estrondo em decolagem, relata testemunha

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    21/03/2016 02h00

    O avião que levava a família de Roger Agnelli, ex-presidente da Vale, e caiu em um sobrado na zona norte de São Paulo falhou na decolagem, segundo ao menos uma testemunha informou aos peritos da Aeronáutica.

    No acidente morreram Agnelli, cinco familiares dele e o piloto, Paulo Roberto Baú.

    A testemunha atua no Campo de Marte e viu o avião decolar. Segundo ela, o motor do avião fez dois estrondos semelhantes ao de uma explosão —um indício de que pode ter havido pane.

    O avião, um modelo experimental Compair CA-9, decolou às 15h20 e caiu três minutos depois sobre um imóvel do Jardim São Bento, bairro residencial de alto padrão.

    A pane, a ser confirmada pelas investigações, está entre as hipóteses compatíveis com queda súbita. A decolagem é etapa crítica do voo, em que o avião precisa de força para ganhar altitude.

    Editoria de arte/Folhapress

    A Aeronáutica não informou neste domingo (20) se o piloto declarou emergência.

    Uma das possibilidades consideradas é se houve defeito nas válvulas que levam o combustível às asas. Isso porque a interrupção de distribuição pode parar o motor.

    Outras é verificar se o combustível usado para abastecer estava dentro dos parâmetros —combustível adulterado também afeta o motor.
    Faz parte do processo de apuração ainda saber o peso com que o avião decolou.

    O Compair, um turbo-hélice, estava com a capacidade máxima —piloto e seis passageiros. Não se sabe até o momento, por exemplo, quantas bagagens havia no avião.

    Uma aeronave mais pesada do que recomendado tem o centro de gravidade afetado, o que também pode resultar em problemas no voo.

    A apuração, por ora, está a cargo da Aeronáutica. Se o órgão entender que não há contribuição para evitar outros acidentes, o trabalho ficará apenas com a Polícia Civil. A Aeronáutica não costuma apurar desastres com aviões experimentais, única categoria da aviação em que se voa "por conta e risco" do dono —o próprio Agnelli.

    O piloto, Paulo Roberto Baú, 51, tinha habilitação em dia e autorização para aviões monomotores, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

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    ACIDENTE NO CAMPO DE MARTE

    O que os investigadores já sabem sobre a queda do monomotor

    > Avião era novo e estava em situação regular na Anac
    > Decolou às 15h20 e caiu três minutos depois
    > Testemunha no Campo de Marte ouviu duas explosões durante a decolagem
    > Piloto estava com habilitação em dia e tinha autorização para monomotores
    > Avião não tinha caixa?preta de dados nem de voz. Pelo porte, não era obrigado a tê-las*

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