O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, autorizou a USP a interromper o fornecimento da substância química fosfoetanolamina sintética a pacientes de câncer após acabar seu estoque.
Na sua petição de suspensão de tutela antecipada, a USP afirma que a liberação da substância "cuja eficácia, segurança e qualidade são incertas" coloca em risco a saúde dos pacientes.
Renato Costa - 15.jan.2016/Folhapress | ||
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski |
Em resposta, Lewandowski decidiu manter o fornecimento da substância pela USP "enquanto remanescer o estoque" mas entende que deve ocorrer a suspensão após esse término.
O ministro Ricardo Lewandowski ressaltou que "a inexistência de estudos científicos que atestem que o consumo da fosfoetanolamina sintética seja inofensivo ao organismo humano" e o desvio de finalidade da instituição de ensino, que tem como atribuição promover a educação, são justificativas à suspensão.
A decisão também informa que, além de não ter o registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária),o uso da substância como medicamento não é autorizado em nenhum outro país, por agências reguladoras similares à brasileira, e que não existem estudos publicados sobre os benefícios de sua utilização na cura do câncer, nem a comprovação de que seu consumo seja inofensivo à saúde humana, segundo os protocolos legais.
Esse entendimento suspende decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo e outras decisões judiciais no mesmo sentido, que tenham determinado à USP o fornecimento da substância para tratamento de câncer.
FECHAMENTO
O laboratório do IQSC-USP (Instituto de Química de São Carlos, da USP) no qual estava sendo produzida a fosfoetanolamina, suposta "pílula do câncer", foi fechado na sexta-feira (1º). A medida foi tomada pela universidade porque o único funcionário responsável por sintetizar a molécula foi deslocado temporariamente para um laboratório de Cravinhos (SP), onde serão produzidas remessas das pílulas que servirão para testes preliminares de sua eficácia em seres humanos.
Conforme a Folha informou, apenas três pessoas conheciam bem o processo de produção da "fosfo", seu criador, o professor aposentado Gilberto Chierice e dois técnicos que trabalhavam com ele, um que se demitiu da USP e outro, o que foi remanejado para Cravinhos.
Sem especialistas para produzir a substância, a USP já não cumpria as ordens judiciais de fornecer as pílulas aos pacientes. Isso fez com que doentes, seus advogados e familiares tentassem obter a "fosfo" indo diretamente ao laboratório do IQSC, sem sucesso.