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    Com leitos lotados, gestão Haddad interna criança em consultório

    BÁRBARA FERREIRA SANTOS
    DO "AGORA"

    08/04/2016 02h00

    Em meio ao surto da gripe H1N1, o Hospital Municipal da Cidade Tiradentes (zona leste) está mantendo crianças internadas em consultórios médicos e na sala de medicação. A gestão Fernando Haddad (PT) admite que a unidade, administrada pela organização social Santa Marcelina, está superlotada.

    Ontem, dos quatro consultórios pediátricos, três eram usados para internação de crianças com suspeita de ter gripe H1N1, disseram pais e funcionários. Na sala de medicação, pacientes com suspeita de gripe dividiam espaço com crianças que tinham outras doenças. Com os consultórios ocupados, parte das consultas era realizada na sala de triagem.

    Os consultórios foram usados para tentar isolar as crianças com suspeita de H1N1. Sem estrutura de internação, pais e crianças passaram a noite em cadeiras nas salas improvisadas.

    O filho de Eliton de Souza da Silva, 33 anos, está internado no hospital desde a noite de anteontem, com sintomas da doença. A criança completou o aniversário de 3 anos internado em um consultório. Segundo Silva, o menino teve que passar a noite dormindo em uma cadeira e estava sem poder tomar banho. Ontem, o quarto, que ele dividia com outra criança, já estava com maca.

    Para ir ao banheiro, a criança passava pelo corredor, ao lado de outras sem a suspeita de gripe. "Fiquei preocupado também com as crianças que não estavam com a doença, porque todos ficaram expostos", disse.

    Anteontem e ontem quem chegava no hospital já era alertado pelos recepcionistas de que apenas casos de crianças com febre seriam atendidos. Quem não apresentava o sintoma teve que procurar outros hospitais.

    Na tarde de ontem, como já não havia espaço para internação, até as crianças com febre eram atendidas, recebiam medicamento e eram encaminhadas para outros hospitais quando o quadro médico melhorava.

    A gestão Fernando Haddad (PT) admitiu em nota que a pediatria do Hospital da Cidade Tiradentes está superlotada e possui crianças internadas na sala de medicação e até nos consultórios.

    De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde foi "necessário criar leitos extras na unidade do PS pediátrico, chegando a uma média de 40 crianças internadas".

    A pasta disse ainda que dois consultórios estão abertos para consulta, e que todas as crianças recebem o atendimento necessário. A secretaria não comentou o fato de pacientes com suspeita de H1N1 estarem internados com outros com outras doenças. A Santa Marcelina disse que só a prefeitura se pronunciaria.

    H1N1

    Um bebê de quatro meses com pneumonia e sem sintomas da gripe H1N1 ficou internado por três dias em um canto da sala de medicação do Hospital da Cidade Tiradentes ao lado de crianças com suspeita da doença.

    De acordo com a mãe da criança, a dona de casa Lucilene de Oliveira, 21 anos, cinco pacientes dividiam o espaço ao mesmo tempo em que outros chegavam a todo momento para fazer inalação ou tomar medicação. "O filho entra com uma doença e, sem nenhuma proteção, corre o perigo de sair com uma pior", reclamou Lucilene.

    Ela afirmou que passou os três dias dormindo em uma cadeira, ao lado de até crianças entubadas. Com pneumonia, o filho teve que fazer inalação com um inalador que tinha apenas o tubo e não tinha máscara. A criança ficou em um berço.

    Ontem à tarde, após a gestão Haddad (PT) ser questionada sobre o caso pela reportagem, a criança foi levado para uma sala separada com outros dois bebês que estavam no local. Com medo de pegar H1N1, Adriana Ferreira, 32 anos, preferiu esperar os resultados de exames da filha de seis anos, que tem asma, do lado de fora do hospital. "A situação dentro da pediatria está horrível", conta. "Minha filha só conseguiu ser atendida na consulta porque tem asma", disse.

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