O medo do vírus H1N1 fez mais de 500 pessoas madrugarem na frente de uma loja da BMW na zona sul de São Paulo. A loja comprou 1.500 doses da vacina e ofereceu aos primeiros que chegaram ao local. As senhas se esgotaram por volta das 11h30, e todos foram vacinados até as 16h, quando a loja fechou em seu horário normal.

"Vale muito mais a pena vir aqui", diz Márcia Wataki, mãe de duas meninas, de 9 e 10 anos, que estavam entre as primeiras a tomarem a vacina. "Cheguei às 5h. E ainda foi de graça. Nas clínicas particulares, a espera está muito maior" conta Márcia.

Durante a manhã, a aglomeração movimentou duas ruas calmas do bairro da Vila Mariana. Até os vizinhos da loja, na avenida 23 de Maio, entraram na fila, mesmo sem o perfil de renda de clientes de uma loja de carros de luxo.

Sentada na calçada, a família da professora Alessandra Castro fazia um lanche enquanto aguardava, sob o sol forte, sua vez de tomar a vacina. Ela estava com o marido e dois filhos de cinco e oito anos. "Nas clínicas particulares não estamos achando, então a saída foi vir aqui", disse. Apesar de os filhos terem asma, ela resolveu não esperar pela vacinação nos postos públicos.

O tipo da vacina distribuída na concessionária é o trivalente, que protege contra três tipos da doença, incluindo o H1N1 e a do tipo B.

É o mesmo que será distribuído na rede pública da Grande SP a partir de segunda para crianças, grávidas e idosos. Em clínicas particulares, é possível encontrar a tetravalente, que imuniza contra mais um tipo do vírus. O primeiro a retirar a senha foi o vigilante da própria loja, que trabalhou na loja durante a madrugada. Até alguns policiais militares que estavam no local também deram um jeitinho de ser vacinados.

ANÚNCIO

"Grátis vacina H1N1 a todos os clientes BMW", dizia o anúncio da Agulhas Negras, revendedora BMW, feito durante esta semana. "A gente colocou 'cliente Agulhas Negras', mas será aberto a todo o público. Quem chegar vai tomar", disse Edicarlos Rogério Paulino, 47, gerente da concessionária, no dia que anunciou a "promoção".

Segundo o médico Bráulio Luna Filho, ex-presidente e atual secretário do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), não há infração ética na iniciativa. "O patrão é preocupado com ações sociais e tomou essa iniciativa", disse o gerente.