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    Sem receber, funcionários do Estado paralisam coleta de sangue no Rio

    GABRIELLE MOREIRA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    10/04/2016 18h32

    Gabrielle Moreira/Folhapress
    Funcionários do Hemorio paralisaram a coleta de sangue em protesto contra o atraso no pagamento de salários e benefícios
    Funcionários do Hemorio paralisaram coleta em protesto contra atraso de salários e benefícios

    Servidores do Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro) suspenderam neste domingo (10) a coleta de doações de sangue. Eles protestam contra o atraso de dois meses no pagamento a cerca de 180 funcionários terceirizados.

    A paralisação é mais uma consequência da crise financeira do Estado na gestão do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que está licenciado para tratamento médico.

    Além de não receberem os salários, os terceirizados do Hemorio estão há dois meses sem benefícios como vale-transporte e vale-alimentação.

    A direção do instituto informou que o protesto foi realizado no domingo para não causar maiores prejuízos ao estoque de sangue, que segue em níveis normais. A coleta deve ser normalizada na segunda-feira (11).

    Funcionários e pacientes contaram à Folha que o Hemorio também tem sofrido com a falta de remédios e insumos básicos.

    A técnica em logística Danielle dos Santos Rodrigues, 33, descreveu a situação como "deprimente". Ela acompanhava a filha Samara, 12, que sofre de anemia falciforme, doença que causa dores e infecções.

    "Minha filha tem de tomar um remédio que está em falta aqui. Eu trago de casa para que ela não tenha crises de dor. As mães estão se ajudando", contou.

    Segundo Danielle, funcionários avisaram que até o estoque de papel higiênico está acabando. "Já avisaram que só tinha para hoje. Acho que teremos que trazer de casa a partir de amanhã", conta.

    FALTA DE LENÇÓIS

    Uma funcionária que não quis se identificar contou que na última semana o Hemorio ficou sem maqueiros e sem camareiras para trocar lençóis e arrumar os quartos.

    "Pedimos para os parentes trazerem roupas de cama. Os que têm condições ajudam", disse.

    A servidora afirmou que os órgãos do Estado tentam transferir a responsabilidade pela falta de recursos.

    "A Fundação Saúde culpa a Secretaria de Saúde, que culpa a Secretaria de Fazenda. Enquanto isso, estamos sem receber. A saúde dos pacientes ainda não foi prejudicada, mas não sei como será daqui para frente", disse.

    Procurada pela Folha, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que o centro de doações de sangue voltará a funcionar nesta segunda (11). O Hemorio divulgou nota afirmando estar com equipe médica de plantão completa, e que os serviços de pronto-atendimento e emergência estão abertos normalmente. A direção do órgão diz ainda não haver desassistência aos pacientes internados.

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