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    Com ar-condicionado, escola em contêiner é aceita por pais em SP

    RICARDO HIAR
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SÃO SEBASTIÃO (SP)

    13/04/2016 02h00

    Pais de alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental foram preparados para reclamar, mas acabaram aprovando os seis contêineres transformados em salas de aula. Gostaram, principalmente, dos aparelhos de ar-condicionado para os estudantes.

    A cena ocorreu nesta terça-feira (12) em Juquehy, distrito de São Sebastião, no litoral norte paulista. São pelo menos 400 crianças da escola municipal Nair Ribeiro de Almeida que voltaram às aulas depois de um mês e meio sem estudar.

    As salas originais que eles ocupavam foram interditadas devido às fortes chuvas de 29 de fevereiro, que derrubaram paredes da unidade, interditaram por algumas horas a rodovia Rio-Santos e ainda deixaram duas pessoas mortas na cidade. Os contêineres, alugados emergencialmente pela prefeitura, foram instalados no pátio da própria escola.

    "Eu estava muito preocupada onde meu filho iria estudar. Mas chegando aqui e vendo a estrutura tinha até ar-condicionado, até ele se animou. Na sala antiga, o ventilador mal funcionava", disse Vanessa Elizabete Alberto David Coelho, 38, mãe de Paulo de Lucca, 6.

    Como Elizabete, alguns pais chegaram a organizar um manifesto em frente à escola de manhã por temerem as condições no local em que os filhos iriam estudar. Depois, mudaram de ideia.

    ESCOLA MODELO

    Além do ar-condicionado, os móveis novos agradaram os estudantes –em cada contêiner, são até 30 alunos. Para os pais, a prefeitura deveria rever a situação das outras salas de aulas de colégios da cidade para oferecer mais estrutura a elas, assim como nos contêineres.

    Mesmo com a aprovação, a doméstica Maria Jussivania Dionísio da Silva, 37, mãe de Gabriel Dionísio Durval, 9, vai continuar acompanhando a situação de perto. "Para algo improvisado, ficou bom. Mas a prefeitura precisa logo construir a nova escola prometida no bairro."

    Mãe de Alice de Souza Barroso, 8, a vendedora ambulante Sueli Souza, 39, também aprovou as salas, mas teme o período de chuva e outro problema. "Será complicado para as crianças, também por causa do barulho. O ar-condicionado terá que funcionar sempre também."

    Há isolamento acústico nos contêineres, mas, como a Folha constatou no local, o barulho incomoda. Outra dificuldade será para as aulas de educação física. Há pouco espaço livre para as atividades –o ginásio foi destelhado com a chuva.

    A secretária de Educação de São Sebastião, Maria Zeneide Moraes, afirmou que as estruturas foram instaladas provisoriamente para atender os alunos por três meses. Ela não descarta que o período possa ser estendido. Por mês, a prefeitura está pagando pelos seis contêineres o aluguel de R$ 73 mil.

    Segundo ela, o projeto para uma nova escola já está pronto e deve ser iniciado em até 60 dias. A nova unidade será construída em terreno em frente à atual unidade e deverá ficar pronta em um prazo de até dez meses.

    Para repor as aulas perdidas, os cerca de 400 alunos dessa escola terão 30 minutos a mais de aulas todos os dias e apenas uma semana de férias em julho.

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