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    Crise da água

    Sistema Cantareira tem abril com menos chuvas em 16 anos

    DO "AGORA"

    16/04/2016 02h00

    O volume de chuvas no Cantareira nas duas primeiras semanas de abril é o menor para o período desde 2000. Até sexta-feira (15), choveu 0,9 mm nos reservatórios, quando a média histórica é de 88,7 mm. O sistema abastece 7,4 milhões de pessoas na capital e na Grande SP.

    E a cada dia, desde o início do mês, também cai a entrada de água dos rios nas cinco represas do sistema. No dia 1º, entraram 38.660 litros por segundo, enquanto ontem foram 22.140.

    "Acendeu a luz amarela. É prenúncio de um novo 2014, afirma Roberto Kachel, professor de recursos hídricos da UMC (Universidade Mogi das Cruzes), referindo-se ao início da crise de abastecimento. Por ora, a entrada de água equivale ao que a Sabesp tem retirado do sistema. Para Kachel, a empresa tem de manter esse equilíbrio. "Não pode aumentar a retirada até outubro, quando volta a chover."

    O geólogo especialista em gestão de recursos hídricos Pedro Luiz Côrtes, da USP, afirma que vai chover menos neste ano, com o fim do El Niño. "Chove menos que no segundo semestre de 2015, quando os mananciais tiveram recuperação", diz.

    Assim, na avaliação dele, o acumulado de água poderá não dar conta do consumo e o risco é ter de recorrer ao volume morto mais cedo do que foi em 2014 (em maio). "Estamos com 36,9% de armazenamento. Em 2013, nessa época, eram 63,8% e aquele volume não foi suficiente para entrar em 2014 em boa situação", compara.

    Diante da previsão de menos chuvas neste ano, Cortês diz que o Cantareira deve ser preservado ao máximo. "Há necessidade da população manter o uso racional da água", diz. Para ele, seria positivo que o governo mantivesse o bônus por economia e a multa para os gastões de água, que serão suspensos em maio. A Sabesp diz que, com a melhora dos reservatórios, eles não são mais necessários.

    Infográfico: Reservatórios da Grande SP

    ALTO TIETÊ E GUARAPIRANGA

    O volume de chuva nos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga, nas duas primeiras semanas de abril, também está muito menor do que suas médias históricas.

    No primeiro, o acumulado foi de 1,9 mm, ante 16,1 mm registrados nessa mesma época, em 2015. A média do mês é de 97,8 mm. O volume armazenado ontem era de 41,6%, maior que os 21,7% do ano passado.

    O Guarapiranga está com 83,3% de armazenamento, igual volume de 2015. Não choveu nada, porém, nos últimos 15 dias. No ano passado, houve 2,4 mm de precipitação. A média histórica do mês é de 73,2 mm.

    OUTRO LADO

    A Sabesp afirma que projeta quantidade de chuva e abastecimento dentro da normalidade em 2016, baseada em estudos próprios e da USP. "Esses mesmos estudos indicam que a probabilidade de uma seca como em 2014 e 2015 é baixíssima", diz, por meio de nota.

    Para a companhia, grande parte dos sistemas deve chegar a outubro com níveis superiores aos registrados no mesmo mês em 2015. Devido às chuvas de setembro a abril, ao uso racional da água pelos clientes e a obras, a Sabesp afirma que a condição dos mananciais que abastecem a Grande SP "é muito melhor que a registrada em igual período nos dois anos anteriores".

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