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    Rio de Janeiro

    Policiais são suspeitos de vender carga roubada a traficante e morador no Rio

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    19/04/2016 17h00

    O roubo de cargas ganha espaço no Estado do Rio como um negócio lucrativo conduzido por traficantes em parceria com policiais militares.

    Os policiais suspeitos estariam envolvidos em roubos e receptação de cargas, de acordo com a Polícia Civil –essas quadrilhas também estão sendo investigadas pela Corregedoria da PM.

    Na região dos morros do Chapadão e do Gogó da Ema, ambos na zona norte, os PMs seriam donos de pequenos comércios que funcionam como pontos de venda de produtos roubados para traficantes locais –negociação que chegou ao conhecimento da Corregedoria.

    Nas duas investigações em curso, traficantes aparecem como clientes preferenciais de itens como cigarros, bebidas e até lotes de carnes.

    Rio e São Paulo são os Estados que ostentam os maiores números de ações criminosas associadas ao transporte de carga, de acordo com estudo da consultoria Freightwatch International, encomendado por empresas do setor.

    Por dia, são 30 assaltos nas estradas que atravessam o Rio. Deste total, 20% dos casos estão concentrados na região da Pavuna, na zona norte da cidade. No bairro, traficantes de drogas dos morros do Chapadão (Comando Vermelho) e da Pedreira (Terceiro Comando) são os responsáveis pelos assaltos.

    INCIDÊNCIA POR REGIÃO, EM 2015

    Os indícios de envolvimento de policiais com este tipo de crime surgiu em janeiro, quando agentes da DRFC (Delegacia de Repressão ao Roubo de Cargas) prenderam dois PMs. Um deles trabalhava no 41º Batalhão (Irajá), situado próximo ao Morro do Chapadão, e estaria envolvido com roubos e receptação de cargas.

    Outro destino de produtos desviados é a venda direta para moradores em pequenos feirões no interior das comunidades. A participação de policiais nesse tipo de distribuição também está sob investigação.

    Um dos suspeitos é um policial com passagem pelo Batalhão de Choque e pelo 41º Batalhão da PM (Irajá). De acordo com a investigação, ele seria proprietário de uma mercearia na favela do Gogó da Ema.

    O 41º BPM é responsável pelo patrulhamento na área que engloba os morros do Chapadão, do Gogó da Ema e da Pedreira. É um dos locais mais violentos da capital.

    Em 29 de março, policiais civis e militares foram avisados sobre uma ação classificada até agora como suspeita. O GPS de um caminhão de cigarros indicava que o veículo, que acabara de ser roubado na via Dutra, estava no pátio do 41º BPM. A polícia seguiu o sinal e encontrou o veículo. Vazio, sem carga.

    OUTRO LADO

    Em nota, a Polícia Militar negou qualquer irregularidade. Informou que, segundo relato dos policiais, o veículo já estava sem a carga quando foi encontrado na Ceasa (Central de Abastecimento). E, na sequência, o caminhão vazio foi levado para dentro do batalhão para o registro do boletim de ocorrência. A Ceasa fica ao lado da unidade da PM.

    "A Polícia Militar continuará realizando operações com o objetivo de prevenir e reprimir os crimes de roubo de cargas e de veículos, recuperando veículos roubados em áreas conflagradas para retirar a mobilidade dos criminosos e estancar a prática de novos delitos", informou a corporação, em nota.

    Em 2015, o roubo de cargas atingiu um recorde histórico no Rio, com 7.225 casos registrados. Nunca houve tantos assaltos a caminhões –no ano anterior, foram 5.890 ocorrências.

    São Paulo registrou 8.490 casos do tipo no ano passado. Mas o volume de cargas que passa pelo Estado do Rio é igual a um quarto do total de São Paulo, o que quer dizer que as estradas fluminenses representam um risco ainda maior para quem faz o transporte.

    ROUBOS DE CARGA - Rio teve recorde de cargas roubadas em 2015

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