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    Dados sobre vírus H1N1 não indicam situação preocupante, diz especialista

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    25/04/2016 13h38

    A memória recente da pandemia ocorrida em 2009 faz com que a população se preocupe mais com o vírus da gripe H1N1, mas os dados disponíveis até o momento não indicam uma situação atípica neste ano.

    A avaliação é da virologista Marilda Siqueira, chefe do laboratório de vírus respiratórios e sarampo do IOC (Instituto Oswaldo Cruz) da Fiocruz, referência nacional para análise de casos de gripe.

    Segundo ela, a circulação do vírus chamou a atenção por ocorrer mais cedo do que o esperado, "mas não é a primeira vez que isso ocorre".

    Danilo Verpa - 11.abr.16/Folhapress
    O posto de saúde Prof. Marcus Wolosker (Belém) abriu uma hora mais cedo para a vacina contra H1N1
    O posto de saúde Prof. Marcus Wolosker (Belém) abriu uma hora mais cedo para a vacina contra H1N1

    Em 2013, também houve forte circulação do vírus no Sul e Sudeste, segundo o Ministério da Saúde, e a epidemia começou cerca de um mês mais cedo.

    "É preciso ter mais dados para entender se a situação será diferente dos anos anteriores em que o vírus também circulou", ressalva.

    Além disso, análises feitas pelo laboratório em amostras de pacientes apontam que o vírus da gripe H1N1 não teve mudanças significativas nos últimos anos.

    "Não há novo subtipo circulando. É o mesmo", afirma. "Não estamos vendo um padrão de comportamento diferente de outros anos."

    A conclusão exclui a hipótese, levantada em março por infectologistas, de que o surto antecipado e o rápido aumento de casos poderia estar relacionado a uma mudança no tipo de vírus, por exemplo.

    De acordo com Siqueira, assim como outros vírus da gripe, o H1N1 tem evoluído ao longo dos anos –mas não de maneira forte ou suficiente para mudança na cepa do vírus que compõe a vacina.

    "Ele evoluiu, mas continua de certa forma homogêneo e estável", explica.

    O laboratório faz análises de amostras encaminhadas pelos três Estados do Sul do país, além do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Sergipe.

    Sequenciamento do genoma do vírus, feito pelo Instituto Adolfo Lutz, que abrange os casos de São Paulo, também não apontou mudanças, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde.

    VÍRUS SAZONAL

    Para Siqueira, é preciso lembrar que o vírus H1N1 é um vírus sazonal como outros tipos de vírus da gripe e, por isso, passa a circular todos os anos, com maior ou menor intensidade.

    "É algo que muitos confundem, como se tivesse circulado em 2009 e nunca mais. Não é assim. Ele virou um vírus sazonal", afirma.

    Neste ano, dados de boletim epidemiológico do Ministério da Saúde indicam que ele responde por 82% dos casos graves e 91% das mortes por complicações da gripe.

    Desde o início do ano até o dia 9 de abril, foram contabilizados 153 mortes e 1.012 casos de síndrome respiratória aguda grave por H1N1.

    Apesar do avanço nas últimas semanas, a virologista diz que os dados, embora registrados mais cedo neste ano, "estão dentro do padrão que conhecemos por influenza", afirma.

    Em todo o ano de 2013, quando o vírus também foi predominante, foram 955 mortes por gripe –destas, 768 relacionadas ao H1N1. O vírus também respondeu por 62% dos casos de síndrome respiratória grave. Os demais casos foram principalmente pelos vírus da gripe B e H3N2.

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