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    Divididos, alunos do Fernão Dias decidem segunda se mantêm ocupação

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    01/05/2016 21h11

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Alunos durante aula na ocupacao da escola Fernao Dias em Pinheiros
    Alunos durante aula na ocupacao da escola Fernao Dias em Pinheiros

    Assembleias nos períodos da manhã, da tarde e da noite nesta segunda (2) devem definir se a escola estadual Fernão Dias Paes, na zona oeste de São Paulo, seguirá ocupada em protesto contra "a máfia da merenda, a reorganização escolar disfarçada e a falta de merenda nas escolas", nas palavras de uma porta-voz da ocupação, a estudante Larissa Iuele, 17.

    A escola foi ocupada na madrugada de sábado (30). Estudantes de Etecs (escolas técnicas) ocupam desde quinta (28) a sede do Centro Paula Souza. O órgão é responsável por Etecs e Fatecs.

    Aluna no 3º ano do Ensino Médio da Fernão Dias Paes, Iuele diz ter participado da ocupação do Fernão no final do ano passado, quando alunos ficaram lá durante 55 dias contra a reorganização escolar proposta pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB). Agora, diz ela, há cerca de 30 estudantes dormindo no prédio.

    A escola, uma das primeiras ocupadas, virou símbolo do movimento que, no auge, reuniu cerca de 200 unidades ocupadas e conseguiu derrubar o projeto do governo.

    Mas Iuele admite que, desta vez, há muitos estudantes contrários à ocupação "porque não querem estudar nas férias" –por causa da ocupação em 2015, houve reposição fora do período escolar.

    Controlando a entrada de visitantes à escola neste domingo (1º), enquanto ocupantes assistiam a uma aula pública sobre educação no país, ela diz que apesar de ter de repor as aulas nas férias, a ocupação "valeu muito a pena".

    "Se você gosta mesmo de estudar, você não vai se importar de estudar nas férias", afirma outra "segurança" do portão, Luiza Rocha, 16, aluna do 2º ano do ensino médio.

    Sem revelar o nome, um aluno de 16 anos também do 2º ano, que diz ter apoiado a ocupação no ano passado, afirma ser contrário à atual. Ele diz que no Fernão não falta merenda e que a ocupação "não foi no momento certo". "O Fernão estava seguindo seus caminhos e, se uma hora sair do eixo de novo, nós vamos parar outra vez."

    Para as alunas, no entanto, frequentemente falta merenda na escola. "Se você está na fila e acaba a comida, você fica sem comer", diz Iuele. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo nega.

    A reivindicação por merendas, aliada às denúncias de fraudes em seu fornecimento que atingem o governo tucano, é a mesma dos alunos de Etecs que ocupam o Centro Paulo Souza. Ali, cartazes pedem por "arroz + feijão".

    Estudante de processos fotográficos na Etec Carapicuíba, Inaê Lima, 17, diz que algumas escolas sequer têm a chamada "merenda seca", alimentos como bolachas. Os alunos pedem refeições.

    O governo do Estado diz em nota que "95% das Etecs e 100% das escolas da rede estadual oferecem alimentação gratuita", sem especificar como são os alimentos.

    Também afirma que, "nesta semana, 100% das Etecs terão merenda gratuita". Por fim, nega que haja "qualquer processo de reorganização em curso" e afirma que nenhuma escola foi fechada ou desativada".

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