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    São Paulo registra a primeira morte por febre amarela silvestre desde 2009

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    05/05/2016 08h33

    São Paulo registrou a primeira morte por febre amarela silvestre desde 2009. A vítima é um homem de 38 anos, operário da construção civil, que morava em Bady Bassit (região de São José do Rio Preto).

    Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a doença foi contraída em área de mata –possivelmente na própria região– e as medidas sanitárias pertinentes estão sendo adotadas. O óbito foi comunicado ao Ministério da Saúde na última semana, ainda conforme a pasta estadual.

    O homem –cujo nome não foi revelado– morreu no último dia 8 de abril, no Hospital de Base de São José do Rio Preto. Ele, que trabalhava na construção de uma creche do município, estava internado desde o dia 26 de março, cinco dias após ter começado a passar mal em Bady Bassitt (a 450 km de São Paulo), onde morava havia seis meses.

    Lilian do Nascimento, coordenadora de endemias e educadora em saúde da cidade, disse que o operário começou a passar mal no dia 21 de março e foi atendido numa unidade de saúde com quadro semelhante ao da dengue –febre e dores no corpo.

    "Como o quadro se agravou, resolvemos fazer o protocolo, que consiste em controle de criadouros e nebulização. Normalmente só fazemos isso após a confirmação da dengue, mas como o quadro tendia a ser dengue com agravo, fizemos a nebulização também", disse.

    Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress
    Senhora é vacinada em São José dos Campos no Dia Nacional de Vacinação no final de abril
    Senhora é vacinada em São José dos Campos no Dia Nacional de Vacinação no final de abril

    Os sintomas comuns, além de febre, são dor de cabeça aguda, dores no corpo, vômito e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode ter febre alta e icterícia (cor amarelada na pele e branco dos olhos) e ver o quadro evoluir para choque e insuficiência de múltiplos órgãos.

    Segundo dados do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), órgão da secretaria, a morte em Bady Bassitt foi a primeira registrada no Estado nos últimos sete anos.

    Em 2009, foram confirmados 28 casos, com 11 mortes. Antes daquele ano, somente em 2008 e 2000 foram registradas mortes segundo a série histórica do CVE, iniciada em 2000. Em 2008, foram dois casos, com duas mortes. Situação idêntica ocorreu em 2000.

    A suspeita é que a vítima tenha frequentado regiões de mata para pescar, onde há muita vegetação e macacos, que são os hospedeiros da doença. Na cidade, o vírus é transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue, zika e chikungunya, enquanto na mata o vetor comum é o mosquito Haemagogus.

    "Certamente ele não era vacinado. Não se pensava em febre amarela, por não existir casos na região, até o resultado positivo chegar na última semana", disse.

    Ainda conforme ela, a investigação sobre o provável local de infecção está sendo feita pelo Estado e, após a descoberta, serão definidas as medidas a serem adotadas.

    VACINA

    Com a confirmação do caso, o município fará uma ampliação da vacinação contra a febre amarela. O objetivo é vacinar quem nunca foi imunizado ou quem só tomou uma dose na vida.

    "Queremos ter certeza que temos uma população imune, até por não termos conhecimento de onde foi o local de contágio dele", disse a coordenadora. As ações serão definidas a partir de segunda-feira (9).

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