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    Haddad retém verba, e obras na Faria Lima seguem apenas no papel

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    15/05/2016 02h00

    Já são 21 anos de Operação Urbana Faria Lima e R$ 540 milhões em caixa, parados. Apesar de a área ter sofrido mudanças radicais no período, quem percorre o local, na zona oeste de SP, percebe que tem muita coisa faltando.

    Um boulevard com calçadas largas e árvores ao longo da avenida Juscelino Kubitschek; a reurbanização das favelas Coliseu, Panorama e Real Parque; e umlargo da Batata 100% pronto, menos árido e com uma ligação segura para os pedestres até a estação Pinheiros de trem e metrô.

    Ronny Santos - 27.fev.15/Folhapress
    Homem anda de bicicleta na ciclovia da avenida Faria Lima

    Todos esses projetos, que constam no plano original da operação –um conjunto de regras para o desenvolvimento da região aprovado em 1995– ainda estão no papel. No ano passado, a prefeitura colocou mais um item na lista: a modernização de um trecho da avenida Santo Amaro, entre as avenidas JK e Bandeirantes, que também continua no planejamento.

    A ideia nesse tipo de ação urbanística –a da Faria Lima foi a segunda do gênero na cidade, depois da região do Anhangabaú– é investir o dinheiro da iniciativa privada.

    As construtoras pagam um valor ao município para poder construir na região, que vai para um fundo. A prefeitura então usa esse dinheiro exclusivamente no urbanismo daquele território, em paralelo à construção dos novos prédios. O grosso do dinheiro disponível hoje no caso das obras da Operação Faria Lima foi arrecadado em 2010 e, mesmo assim, os projetos não saíram do lugar. A operação ainda tem potencial para arrecadar cerca de R$ 1,7 bilhão, com a venda do direito de construir o equivalente a 70 prédios residenciais.

    Mudança Urbana

    MORADIAS POPULARES

    "No caso das construções de moradia social, é incompetência da atual administração pública. O governo, para poupar recursos, procurou colocar os projetos dentro do programa Minha Casa, Minha Vida", diz José Police Neto (PSD), vereador de SP focado em questões urbanísticas.

    Na favela Real Parque, perto da marginal Pinheiros, o objetivo foi atingindo parcialmente. Segundo a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), as 112 moradias populares restantes serão entregues até o fim do ano, quando acaba o atual mandato.

    Na comunidade Coliseu, próxima ao Parque do Povo, as licitações para as obras estão sendo feitas, de acordo com a prefeitura. Já na Panorama não há nenhuma previsão para o início das construções -existem resistências dentro da própria comunidade de moradores, diz a gestão.

    "Em termos de melhora dos espaços públicos, os resultados obtidos estão muito aquém do esperado, pela quantidade de recursos financeiros aplicados", diz Mauro Calliari, que é membro do Conselho Participativo de Pinheiros e representa a sociedade civil no Conselho de Política Urbana de São Paulo.

    De acordo com a gestão Haddad, até hoje, foram investidos R$ 1,7 bilhão do fundo da operação. A sensação de desperdício do dinheiro público, diz Calliari, que é administrador de empresas e especialista em urbanismo, fica mais evidente no caso do largo da Batata, que já passou por duas fases de reurbanização.

    Sobre a ciclovia que corta a região, considerada um avanço por quem pedala, ainda faltam ajustes. "As conexões, como a para a estação Pinheiros [de trem e metrô], ainda não existem."

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Concluído, largo da Batata, em SP, não tem banco
    Largo da Batata, quando concluído após 11 anos de obras, em 2014
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