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    Após liberar Uber, Haddad contratará taxistas para atender secretarias

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    16/05/2016 02h00

    Após legalizar o Uber na cidade, o prefeito Fernando Haddad (PT) decidiu fazer mais um agrado aos taxistas, categoria que promoveu violentos protestos contra a regulamentação dos aplicativos que conectam passageiros a motoristas particulares. E a compensação, desta vez, virá com recursos do caixa da própria prefeitura.

    Haddad, pré-candidato à reeleição em outubro, decidiu abrir mão de carros alugados, por exemplo, e chamou os taxistas para prestar serviços à administração.

    Por decreto, publicado na edição de sábado (14) do "Diário Oficial" do município, o prefeito autorizou funcionários da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico a acionar os chamados táxis pretos (mais luxuosos e com tarifa 25% mais cara do que táxis comuns), que funcionam somente por chamadas via internet num modelo similar ao usado pelo Uber.

    Esse serviço funcionará por período experimental de três meses, só para esta secretaria. Porém o mesmo decreto diz que o modelo poderá ser ampliado para os demais órgãos da prefeitura, caso a experiência dê certo e gere economia.

    De acordo com a administração, só em Finanças, estima-se que há demanda suficiente para atrair até cem taxistas por mês em viagens. Hoje, dez carros atuam em tempo integral para a pasta, ao custo de R$ 50 mil por mês. A gestão diz que esse valor deve ser reduzido à metade.

    CONCORRÊNCIA

    A categoria dos táxis pretos foi criada no ano passado pelo prefeito justamente para estabelecer concorrência com o Uber. Mas, de 5.000 alvarás prometidos, apenas 1.200 foram distribuídos até agora. Os motoristas de táxi preto estão entre os que mais protestaram nos últimos meses nessa discussão sobre a regulamentação dos aplicativos.

    Com a liberação do Uber, eles dizem que se sentiram lesados, porque se prontificaram a pagar R$ 60 mil como outorga à prefeitura na época em que o prefeito havia acabado de sancionar uma lei que vetava o Uber.

    Conforme revelou neste domingo (15) o jornal "Agora", do grupo Folha, esses taxistas já acumulam dívidas. Questionada pelo jornal, a prefeitura diz que vai liberá-los para buscar passageiros na rua, sem o aplicativo.

    Na última quarta-feira, o prefeito decidiu regulamentar o Uber, provocando a revolta de taxistas, que travaram o centro da cidade –na av. 23 de maio, taxistas cercaram e depredaram um carro que furou a manifestação.

    CONTRAPARTIDA

    Os taxistas dizem que o Uber faz concorrência desleal, porque a empresa e seus funcionários não pagam as mesmas taxas à prefeitura para poder rodar na cidade. Há cerca de 38 mil táxis que circulam com alvará. O Uber estima que já tenha 5.000 motoristas cadastrados.

    Para regular a demanda, Haddad instituiu uma cobrança das empresas de aplicativo como contrapartida para uso do viário. Para rodar, as empresas terão que comprar créditos on-line –ao custo médio de R$ 0,10 por km.

    Para acalmar os taxistas, no mesmo dia em que regularizou o Uber, Haddad autorizou taxistas a rodarem mesmo sem passageiros na faixas exclusivas de ônibus (à direita), sem restrição de horário. Já nos corredores exclusivos à esquerda, os táxis poderão rodar o dia todo, desde que com passageiros.

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