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    Degradado, monumento do Exército no centro de São Paulo será restaurado

    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    22/05/2016 02h00

    Em cima de seu cavalo a 48 metros de altura, Duque de Caxias anda meio esquecido e empoeirado. Imponente, espada na mão, o patrono do Exército brasileiro não é mais o que já foi um dia.

    Não ele próprio, pois o militar morreu em 1880, mas sua estátua em Campos Elíseos, no centro de São Paulo. Isso pode mudar nos próximos meses se os planos do Exército correrem bem. A ideia é restaurar o monumento em homenagem ao militar, criado por um dos ícones do movimento modernista brasileiro: o artista Victor Brecheret (1894-1955).

    Posto na praça Princesa Isabel em 1960, cinco anos após a morte do escultor, o monumento está desgastado, sujo e cheio de pichações. No próximo mês, a Fundação Cultural do Exército, responsável pelo patrimônio histórico e cultural da instituição, vai lançar um edital para a restauração da peça.

    "O monumento a Duque de Caxias é o mais importante do Exército e está degradado. Nós queremos torná-lo um ponto turístico de São Paulo, um lugar para as pessoas visitarem e conhecerem a história", explica Marcos Arbaitman, que assume a presidência da Fundação Cultural do Exército nesta segunda (23).

    Segundo Arbaitman, executivos da empresa Porto Seguro, que tem uma série de prédios na região, demonstraram interesse em bancar o projeto. Procurada pela reportagem, a empresa não confirmou oficialmente.

    A restauração não será tão fácil de sair do papel: o monumento é tombado pelas três instâncias do patrimônio histórico nacional (federal, estadual e municipal). Por isso, é necessário a aprovação dos órgãos responsáveis.

    Por sua vez, a prefeitura afirma que o Conpresp (conselho municipal de patrimônio) já autorizou a reforma. "Para deixar ruim, não precisa de nada. Para reformar, é uma grande burocracia", critica Arbaitman, que no futuro pretende abrir fortes do Exército para visitação.

    GUERRA E IMBRÓGLIO

    Luís Alves de Lima e Silva (1803-1880), o Duque de Caxias, foi um dos nomes mais importantes do Exército brasileiro. Lutou contra Portugal, pela Independência, na Revolução Farroupilha e também em guerras contra o Paraguai e a Argentina.

    Seu monumento no centro da capital tem uma história curiosa, com idas e vindas. Segundo o site "São Paulo Antiga", a ideia da homenagem foi do general Maurício José Cardoso, em 1939. Nos anos 1940, houve um concurso internacional de maquetes para escolher como seria o monumento. O pleito foi vencido por Brecheret.

    Para custear a obra, ocorreu uma campanha de arrecadação de verba na cidade. Um torneio de futebol entre Corinthians e Palestra Itália (hoje Palmeiras) teve renda revertida para o monumento –o alvinegro sagrou-se campeão da "Taça Duque de Caxias" em dois jogos.

    Em 1942, a peça foi iniciada pela equipe de Brecheret. No monumento, foi realizado até um jantar com dezenas de autoridades da época. A obra ficou pronta em 1950, mas só uma década depois foi inaugurada na praça.

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