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    Parada LGBT de SP tem cartazes e gritos de 'Fora, Temer'; veja vídeo

    DE SÃO PAULO

    29/05/2016 13h49 - Atualizado às 02h00

    Apesar do discurso de organizadores para que os trios elétricos não tivessem mensagens contra políticos, a 20ª Parada do Orgulho LGBT foi marcada na tarde deste domingo (29) por manifestações, cartazes e faixas contrários ao presidente interino, Michel Temer (PMDB).

    Manifestações desse tipo, que já haviam ocorrido no último final de semana na Virada Cultural, chegaram inclusive a dois carros do evento. No da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, pasta ligada à gestão Fernando Haddad (PT), algumas pessoas exibiam cartazes com os dizeres "Temer jamais" e "Marta traíra" _referência à senador Marta Suplicy, que saiu do PT, entrou no PMDB e deve concorrer contra Haddad nas eleições municipais deste ano.

    A parada teve ainda alguns cartazes contra Dilma Rousseff (PT) e em apoio ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, mas em ações mais isoladas e tímidas.

    O primeiro trio elétrico virou palco de diversos políticos com discursos contrários ao impeachment de Dilma, como os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Orlando Silva (PC do B-SP), além do vereador Nabil Bonduki (PT) e do ex-senador e secretário municipal Eduardo Suplicy (PT). Nas falas, além de críticas ao que chamam de "golpe" devido à saída da petista, ataques também à falta de diversidade no governo Temer, que formou um ministério só com homens.

    Orlando Silva fez menção ao caso da adolescente de 16 anos estuprada no Rio de Janeiro. Disse que "aquela violência é consequência do machismo que leva homens a pensarem que podem mandar nas mulheres". Ele disse, ainda, que essa violência teve forma de "machismo, homofobia e autoritarismo". Em seguida puxou grito de "Fora Temer".

    O vereador Nabil Bonduki (PT) disse ser inevitável haver protesto contra Temer. "Não tem como não falar, né?". Ele afirmou que a prefeitura exigiu um compromisso assinado pelos responsáveis por cada um dos três trios da prefeitura para não haver menções políticas nos carros. "Mas nos outros tudo bem. Cada um faz aquilo que quer" diz.

    O deputado federal Jean Wyllys disse que a Parada LGBT demorou para incluir na sua agenda as pessoas do segmento "T" (transexuais, travestis e transgêneros) —é sobre eles que esta edição do evento se dedica.

    "Nessa sopa de letras, os homens e as mulheres trans são os que mais sofrem. Não existe armário para eles. Gays e lésbicas podem se esconder, mas trans, não. Eles estão muito mais expostos à violência e ao preconceito", afirmou.

    O coletivo Ocupe a Democracia montou uma tenda na praça do Ciclista, no final da avenida Paulista. Segundo Vinicius Moraes, 25, historiador e integrante do movimento, a ideia é propor uma oficina de materiais contrários ao que ele chama de "golpe". Entre as faixas, "Amar sem Temer" e "Não pise na democracia". O movimento também distribui adesivos lambe-lambe e panfletos afirmando que "esse golpe é transfóbico".

    Elias Souza, 29, administrador, foi pela segunda vez à parada, acompanhado de seu amigo, Josemir Costa, 47, bancário que, pela primeira vez em 15 anos, aproveitou a festa para protestar contra o governo. "O nosso grupo LGBT é o que mais corre risco de sofrer com o um retrocesso conservador com esse governo, por causa da proximidade do Temer com a bancada evangélica fundamentalista", diz.

    Além das manifestações contra Michel Temer, haviam cartazes também em apoio ao impeachment de Dilma Rousseff. Francisco de Almeida, 50, surdo-mudo e homossexual, está acampado em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) há 75 dias e exibe um cartaz escrito "Gays conservadores do Brasil".

    Também há dizeres em apoio ao juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. "Sergio Moro: O Brasil conta com você" e "Respeito e Igualdade. Viva a Liberdade".

    20 ANOS DE PARADA

    Nesta 20ª Parada do Orgulho LGBT, que acontece neste domingo (29), as bandeiras coloridas deram espaço ao rosa, azul e branco —tons da Bandeira do Orgulho Transgênero. É sobre o segmento T (transexuais, travestis e transgêneros) que a Parada decidiu jogar luz este ano.

    "O preconceito está em todos os grupos, mas esta é a ponta mais frágil da comunidade", afirma Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.

    Cerca de 17 trios elétricos saíram pela Paulista a partir do meio-dia, passando pela rua da Consolação até chegar à praça Roosvelt.

    No Vale do Anhangabaú foi montado um palco para apresentações musicais, como MC Tati Zaqui, DJs, performers e drag queens, capitaneadas por Sylvetti Montilla.

    A Polícia Militar estimou um público de 190 mil pessoas no horário de pico do evento, 15h15. Já a organização do evento informou que, pelo menos, 3 milhões de pessoas passaram pela avenida Paulista das 10h às 18h.

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