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    18,5% dos adolescentes brasileiros já experimentaram cigarro, diz pesquisa

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    31/05/2016 11h54 - Atualizado às 14h10

    SXC
    O levantamento faz parte de um dos maiores estudos já feitos no país
    O levantamento faz parte de um dos maiores estudos já feitos no país

    Dados de um estudo inédito divulgado nesta terça-feira (31), Dia Mundial sem Tabaco, mostram que 18,5% dos adolescentes brasileiros entre 12 a 17 anos já experimentaram o cigarro –o que indica que 1,8 milhão de jovens nessa faixa etária já fumaram pelo menos uma vez.

    As informações são da pesquisa Erica (Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes), feita pelo Ministério da Saúde e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em parceria com outras 33 instituições de ensino superior.

    A pesquisa ouviu 75 mil adolescentes de 1.251 escolas públicas e privadas em 124 municípios do país, por meio de questionários e exames. O levantamento faz parte de um dos maiores estudos já feitos no país para mapear fatores de risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão e síndrome metabólica.

    Adolescentes que já experimentaram cigarro no Brasil - Por gênero e idade, em %

    Adolescentes que fumam (tabagismo atual) - Por gênero e idade, em %

    O índice de adolescentes que já tiveram contato com o cigarro, porém, cresce quando observado dados por regiões do país. Na região Sul, por exemplo, esse percentual chega a 23,3%. Já o Nordeste tem a menor proporção: 15,2%. Entre as capitais, Campo Grande tem o maior índice, com 26,8%, seguido de Porto Alegre e Florianópolis, com 26,5% e 25,1%, respectivamente.

    Para o Ministério da Saúde, apesar de o estudo indicar um índice alto de contato com o cigarro, a tendência é de queda desse percentual quando há comparação dos dados com outros estudos anteriores. Em 2009, a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, por exemplo, apontou que 24% dos adolescentes haviam fumado ao menos uma vez. A amostra, porém, abrangia apenas adolescentes entre 13 e 15 anos.

    "O fato de experimentar pode levar a estabelecer um consumidor. Os adolescentes são um grupo mais suscetível, com menos informação por ter menor escolaridade. E está em uma sociedade ainda tolerante [ao cigarro]. Se estabelecemos com a sociedade cada vez mais a restrição e a rejeição ao consumo, conseguimos ter impacto maior entre os adolescentes", diz a diretora de doenças não transmissíveis e promoção da saúde da pasta, Fátima Marinho.

    Adolescentes que já experimentaram cigarro por região - Em %

    Adolescentes que fumam (tabagismo atual), por região - Em %

    ADULTOS

    Além da tendência de queda na experimentação por adolescentes, o cigarro também tem perdido adeptos entre adultos no Brasil. Novos dados da pesquisa Vigitel, feita todos os anos pelo Ministério da Saúde por inquérito telefônico, mostram que o percentual de pessoas que se declaram fumantes caiu 34% nos últimos dez anos.

    Ainda assim, cerca de um em cada dez brasileiros ainda mantém o hábito de fumar, ou 10,4% do total, segundo dados de 2015. Em 2006, esse percentual era de 15,7%. Já em 2014, esse índice era de 10,8%. A última edição da Vigitel ouviu 54 mil pessoas acima de 18 anos de todas as capitais do país. Os dados foram divulgados em alusão ao Dia Mundial Sem Tabaco.

    O governo atribui a queda no percentual de fumantes à políticas como o aumento no preço dos cigarros, a proibição da propaganda e ao aumento no rigor das leis antifumo estaduais e federal no país.

    MENOS FUMANTES - Percentual de fumantes no país

    Em vigor desde o fim de 2014, a lei federal antifumo proíbe o consumo de cigarros e outros produtos derivados do tabaco em locais totalmente ou parcialmente fechados por parede, divisória, teto ou toldo, sob pena de advertência e multa aos estabelecimentos.

    "Essa redução mostra que as políticas que temos implementado têm tido impacto. Mas ainda temos uma variabilidade muito grande no país. Em Porto Alegre, o índice chega a 15%. Isso mostra que para reduzir mais, vamos ter que investir em políticas mais focalizadas", diz Marinho.

    Ela lembra que, mesmo com a redução, os dados ainda preocupam e trazem impactos no sistema de saúde. Em geral, o hábito de fumar aumenta o risco de infarto e de AVC (acidente vascular cerebral). Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão também são relacionados ao cigarro –só em 2014, foram 25 mil mortes no país por câncer de pulmão, segundo o ministério. "Temos hoje 10% de prevalência de fumantes e 5% de 'grandes fumantes', que fumam 20 ou mais cigarros por dia. Em termos populacionais, ainda é muito alto", avalia a diretora.

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