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    Após falha, empresa aérea cria sistema para seguir criança desacompanhada

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    01/06/2016 02h00

    Depois de uma falha de ampla repercussão no embarque de uma criança de sete anos em 2015, a Latam (novo nome da TAM) criou um serviço que permite aos pais rastrear e monitorar, em tempo real, onde está um menor que viajou desacompanhado.

    Funciona de duas formas. A primeira é uma pulseira que a criança recebe no check-in, com um QR Code, um código de barras bidimensional.

    Divulgação
    Pulseira utilizada para monitorar crianças em sistema da Latam
    Pulseira utilizada para monitorar crianças em sistema da Latam

    Nela, funcionários da companhia monitoram cada etapa por onde a criança passou: se fez check-in, se está na sala de espera, quando foi entregue à tripulação, horário em que o voo aterrissou e hora de entrega ao responsável no aeroporto de destino. Um funcionário fica responsável pela criança o tempo inteiro.

    Para os pais, desde 16 de maio funciona um site (www.tam.com.br/menor ) pelo qual eles têm acesso ao deslocamento da criança on-line. Inédito na América Latina, o serviço é oferecido por ao menos duas companhias no mundo: Air New Zealand e Delta.

    Menores desacompanhados, por lei, são aqueles entre 5 e 11 anos de idade. A medida pode, se os pais quiserem, ser estendida para menores de 12 a 17 anos. O serviço exige agendamento prévio com 48 horas de antecedência, pelo telefone 0300 570 5700. O custo é de R$ 129. Na Gol, que não oferece o tracking, sai por R$ 100; na Azul, R$ 110.

    Desde que o monitoramento foi implantado, 157 crianças embarcaram desacompanhadas no novo serviço. Mas houve algumas queixas de pais de que o sistema não estava funcionando direito. Embarcaram na empresa em 2015, quando o nome ainda era TAM, cerca de 32 mil menores desacompanhados, 110% a mais do que em 2014.

    PESADELO

    "Infelizmente, tive que passar por um pesadelo com a minha filha para que isso acontecesse", diz a jornalista Carolina Petter, de São Paulo.

    O episódio com a filha dela, então com sete anos, repercutiu em redes sociais e levou a companhia a buscar uma solução para o embarque de crianças desacompanhadas. Em 19 de julho do ano passado, Carolina e o marido deixaram a filha no check-in da então TAM no aeroporto de Guarulhos; a menina ia para João Pessoa visitar os avós.

    Primeiro, o funcionário da empresa perguntou equivocadamente se a menina ia para Salvador, em vez de João Pessoa, o que já assustou os pais. Minutos depois de a garota embarcar, a mãe escreveu para o celular dela, via WhatsApp, para saber se já havia embarcado. A menina então respondeu que estava sozinha no portão de embarque. "Estou esperando o moço voltar."

    Isso se deu porque o funcionário que cuidava da menina também era responsável pelo embarque de uma pessoa com deficiência.

    Resultado: a menina perdeu o voo para João Pessoa. Por telefone, a família lhe orientou a buscar ajuda com um funcionário, que ofereceu um outro voo, com conexão no Rio. A família negou. Na ocasião, a TAM disse ter havido uma falha no embarque da menor, mas que a todo momento a garota foi acompanhada por um funcionário.

    "Não enviaria minha filha para viajar sozinha hoje por um motivo óbvio: trauma dela, meu e do meu marido", afirma Carolina.

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