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    Rio de Janeiro

    Advogada de jogador suspeito de estupro é atacada em redes sociais

    DO RIO

    02/06/2016 18h31

    A advogada Renata Barcellos relatou nesta quinta-feira (2) estar sofrendo perseguição nas redes sociais por atuar na defesa de Lucas Perdomo, um dos suspeitos no caso de estupro de uma jovem de 16 anos no morro da Barão, na zona oeste do Rio.

    Segundo a advogada, os ataques começaram depois de uma entrevista que ela concedeu para uma emissora de televisão.

    Renata mostrou à Folha algumas das mensagens ofensivas que recebeu e que partiram de mulheres. Uma delas sugere que a advogada deveria sofrer um estupro.

    "Na minha opinião, advogada de bandido é pior que ele dez vezes", escreveu uma mulher. "Desejo para os advogados 'chave de cadeia' que aconteça consigo o mesmo que seu 'cliente inocente' cometeu com outras vítimas."

    "Eu vejo com pesar uma publicação dessas vindo de uma mulher. Só estou fazendo o meu trabalho", disse Renata. Ela afirmou nunca ter sido alvo de ataques desse tipo, mas disse que não se sente ameaçada. "É primeira vez que acontece, nunca defendi ninguém que estivesse na mídia."

    Além de Renata, outra mulher defende Perdomo, a advogada Marina Batista. Também trabalha no caso Eduardo Antunes.

    Lucas Perdomo, 20, foi apontado pela vítima de estupro como a pessoa com quem ela se encontrou na noite do crime no baile funk no morro da Barão, e com quem teria ido para a casa. Perdomo afirma que estava com outra mulher, em outro cômodo da casa.

    Ele foi transferido nesta quinta (2) para o presídio Bangu 10, na zona oeste do Rio. Seus advogados pediram o relaxamento de sua prisão, e tiveram parecer favorável da polícia. Aguardavam apenas a decisão do Tribunal de Justiça.

    Ainda nesta quinta, a polícia pediu a prisão de mais dois suspeitos do estupro, Moisés de Lucena, acusado pela vítima de tê-la segurado e que teria sido reconhecido por uma tatuagem, e o homem identificado como Jeferson, o Jefinho, cuja participação foi citado por um dos suspeitos já preso, Raí de Souza. Com isso, passam a ser oito os suspeitos de envolvimento no crime.

    CRONOLOGIA DO CASO

    21.mai.2016 - A adolescente é estuprada de madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir a um baile funk

    24.mai.2016 - A vítima fica sabendo que um vídeo seu circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico e tentar reaver seu celular, que havia sido roubado

    25.mai.2016 - A família da menina é avisada por um vizinho sobre a gravação. No vídeo, em meio a risadas, um grupo de homens toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar como estupro, além da conjunção carnal, atos libidinosos

    26.mai.2016 - A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML (Instituto Médico Legal)

    27.mai.2016 - Ela presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; a polícia localiza a casa em que o estupro aconteceu

    28.mai.2016 - A então advogada da vítima, Eloísa Samy, pede à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers. Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com "machismo e a misoginia"

    29.mai.2016 - Pressionada, a Polícia Civil do Rio passa o comando das investigações à delegada Cristiana Bento, da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima); a pedido da família, a Defensoria Pública passa a defender a menina

    30.mai.2016 - Polícia Civil realiza operação para prender seis suspeitos de participar do crime; Rai de Souza, 22, e Lucas Perdomo, 20, são detidos

    31.mai.2016
    A vítima e sua família entram no programa federal de proteção à testemunha, o que significa que a menina pode ganhar uma nova identidade e deixar o Rio

    1º.jun.2016
    Um terceiro suspeito se apresenta à polícia. Raphael Duarte Belo, 41, aparece no vídeo fazendo uma selfie ao lado do corpo da jovem

    2.jun.2016
    Polícia Civil do Rio pede a prisão de mais dois homens: Moisés de Lucena, que foi acusado pela vítima de tê-la segurado, e um homem identificado como Jeferson. Com isso, passam a ser oito os suspeitos de envolvimento no crime

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