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    Após ameaçar fechamento, Hospital de Câncer terá auditoria do Estado

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    03/06/2016 02h00

    7.jun.2013/Reprodução
    Fachada do Hospital do Câncer em Fernandópolis
    Fachada do Hospital do Câncer em Fernandópolis

    Um dia após o gestor do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata, ameaçar fechar uma unidade da instituição por falta de repasses financeiros, a Secretaria da Saúde do Estado anunciou que irá vasculhar, por meio de uma auditoria, a aplicação de dinheiro público na fundação que gere a instituição.

    Na quarta-feira (1º), a direção do hospital veio a público informar que, devido a um atraso de R$ 30 milhões do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), a unidade de Fernandópolis (a 555 km de SP) poderia ser fechada por 30 dias.

    Inaugurado em 2013, o local realiza exames preventivos de câncer de colo de útero, de pele, de próstata e de boca. São cerca de 3.000 atendimentos por mês.

    Além da "ampla auditoria" na Fundação Pio 12, instituição filantrópica que controla os hospitais do câncer de Barretos, de Jales e o ambulatório em Fernandópolis, o secretário estadual da Saúde, David Uip, chamou de "inconsequentes, mentirosas e irresponsáveis" as declarações públicas dadas por Prata contra ele e o governo.

    Uip nega que a devassa nas contas seja em retaliação à administração do hospital e afirmou que a auditoria tem um "espírito de colaboração" com a gestão.

    "Fizemos um sorteio e, por coincidência, Jales, onde está o hospital, entrou. Todos os equipamentos de saúde do Estado que receberam dinheiro público irão ser auditados. O espírito é de colaboração. A experiência que fizemos na Santa Casa de São Paulo mostrou que havia problemas de gestão e as auditorias que fizemos ajudaram", diz.

    O secretário negou que haja valores atrasados com a instituição e informou que, desde 2013, cerca de R$ 700 milhões foram repassados a ela. "Espero que o fechamento não aconteça. Está à frente de qualquer embate, a população, e vamos ajudar", afirma.

    MENTIRAS

    A irritação maior do secretário foi porque, em conversas públicas, o gestor do hospital reclamou de demora no credenciamento federal da instituição, o que poderia gerar recursos maiores. "Nenhum deles se trata pelo SUS. Não sabem o que é estar na fila esperando para ser atendido, com dor, e não ter remédio", falou Prata em entrevista coletiva.

    Segundo Uip, o encaminhamento da creditação das unidades de Jales e Fernandópolis já foi feito por "11 vezes" ao Ministério da Saúde, que está de acordo com o pedido, mas ainda não tem recursos para fazê-lo.

    "Ele [Prata] é inconsequente quando diz que o pedido não foi feito. Ele mente quando diz que não foi recebido por mim. Até avisei a ele, quando nos mostrou balanços, que estava sendo imprudente por depender demais de verbas de doação e de renúncia fiscal."

    A direção do hospital não quis se pronunciar e informou que sabia da auditoria.

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