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    Rio de Janeiro

    Jogador volta a treinar após sair da prisão em caso de jovem estuprada

    RONALD LINCOLN JR.
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    06/06/2016 12h16 - Atualizado às 12h39

    O jogador Lucas Perdomo, 20, voltou a treinar nesta segunda-feira (6) pelo Boavista em um campo de treinamento do time de futebol em Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio, após ficar preso por cinco dias.

    Apontado como um dos suspeitos pelo estupro de uma adolescente de 16 anos, na zona oeste do Rio, ele deixou a penitenciária conhecida como Bangu 10, na zona oeste do Rio, na noite de sexta-feira (3).

    "Estava na cela quando a minha advogada disse que eu ia sair. Fiquei muito feliz", disse Lucas nesta manhã, durante um intervalo de sua sessão de treinamento.

    De cabelos raspados –em função de sua passagem pelo sistema penitenciário do Rio– ele disse estar confiante neste retorno ao trabalho.

    "Algumas vezes, eu pensei [que a carreira de jogador fosse acabar]. Mas sabia da minha inocência e não perdi a esperança. Agora, só quero voltar a jogar", disse ele.

    APURAÇÃO

    Responsável pela investigação do estupro da adolescente, a delegada Cristiana Bento disse não ter encontrado provas, até o momento, da participação de Lucas no estupro, mas ressaltou que ele ainda está sob investigação.

    "Não entendi quando meu nome apareceu na imprensa. Fiquei muito triste, abalado. Orei muito", disse Lucas. "Daqui para frente é só alegria."

    Rafael Ferreira, diretor do Boavista, disse que o contrato de Lucas, que havia sido suspenso, foi retomado após a soltura do jogador.

    A Polícia Civil do Rio concluiu que a jovem de 16 anos vítima de estupro no morro da Barão, na zona oeste do Rio, "foi abusada em, ao menos, dois momentos", segundo nota oficial divulgada no sábado (4).

    Os crimes aconteceram depois que a adolescente saiu de um baile funk na comunidade, na manhã do sábado (21), acompanhada de uma amiga e de Raí de Souza, 22, e de Lucas.

    Os quatro saíram do baile para uma casa abandonada na comunidade, onde Raí teve relação sexual com a jovem, e Lucas, com a outra menina do grupo.

    SUSPEITO

    Preso temporariamente, Raí é considerado suspeito de ter gravado o vídeo em que a jovem, desacordada, é manipulada sexualmente -ele nega ser o autor da gravação.

    Segundo depoimentos colhidos pela polícia, por volta das 10h do sábado (21), a amiga da jovem violentada, Lucas e Raí decidiram deixar a casa, mas a adolescente preferiu ficar.

    De acordo com a investigação, a vítima foi levada por um traficante para uma outra casa no morro do Barão e lá houve o estupro, com a participação de, ao menos, quatro pessoas, entre elas, Raí, que voltou à comunidade horas depois.

    Via-crúcis depois do estupro

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    CRONOLOGIA DO CASO

    21.mai.2016 - A adolescente é estuprada de madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir a um baile funk

    24.mai.2016 - A vítima fica sabendo que um vídeo seu circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico e tentar reaver seu celular, que havia sido roubado

    25.mai.2016 - A família da menina é avisada por um vizinho sobre a gravação. No vídeo, em meio a risadas, um grupo de homens toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar como estupro, além da conjunção carnal, atos libidinosos

    26.mai.2016 - A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML (Instituto Médico Legal)

    27.mai.2016 - Ela presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; a polícia localiza a casa em que o estupro aconteceu

    28.mai.2016 - A então advogada da vítima, Eloísa Samy, pede à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers. Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com "machismo e a misoginia"

    29.mai.2016 - Pressionada, a Polícia Civil do Rio passa o comando das investigações à delegada Cristiana Bento, da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima); a pedido da família, a Defensoria Pública passa a defender a menina

    30.mai.2016 - Polícia Civil realiza operação para prender seis suspeitos de participar do crime; Rai de Souza, 22, e Lucas Perdomo, 20, são detidos

    31.mai.2016
    A vítima e sua família entram no programa federal de proteção à testemunha, o que significa que a menina pode ganhar uma nova identidade e deixar o Rio

    1º.jun.2016
    Um terceiro suspeito se apresenta à polícia. Raphael Duarte Belo, 41, aparece no vídeo fazendo uma selfie ao lado do corpo da jovem

    2.jun.2016
    Polícia Civil do Rio pede a prisão de mais dois homens: Moisés de Lucena, que foi acusado pela vítima de tê-la segurado, e um homem identificado como Jeferson. Com isso, passam a ser oito os suspeitos de envolvimento no crime.

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