"Olha, você escreve muito bem, mas não gosta muito de se empenhar nos estudos. Por que não faz jornalismo?"
Foram essas palavras, ditas de brincadeira por uma professora do colegial (hoje ensino médio), que deram ao jornalismo um de seus mais apaixonados integrantes.
Por mais de 22 anos, Marco Antonio Benatti trabalhou em jornais de São Paulo, incluindo esta Folha. Ficou conhecido pelos gritos nas Redações. O "Vamo fecháááá" –para informar aos repórteres que o prazo para entrega dos textos havia acabado– é uma das primeiras coisas que os amigos se lembram.
Antes disso, vem o sorriso quase onipresente. Quase, porque Bena não conseguia esconder seu grande mau humor quando a Ponte Preta era derrotada. Era torcedor de frequentar estádios, de colecionar camisa. Tão fanático que "ganhou" um minuto de silêncio no Moisés Lucarelli no domingo 29 de maio.
Nos últimos anos, Benatti vinha se adaptando a viver longe de sua paixão. Estava, como dizia, do "outro lado do balcão", trabalhando como assessor de imprensa.
Seu grande sonho era ver formadas as filhas –Luana, 18, e Isadora, 11. Não queria vê-las jornalistas, confidenciava com a mulher. Viver um amor às vezes dói.
Também tinha planos de, talvez ainda neste ano, concretizar a lua de mel adiada desde 2013 quando, em vez de ir com a mulher Evelyn para a Itália, preferiu agradar as meninas em Orlando (EUA).
Um acidente de trânsito, no dia 26, tirou de Benatti, 51, todos os gritos. Se pudesse, calculam os amigos, certamente gritaria: "Dia ruim!".
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