Ainda sob investigação, o caso do menino Italo, 10, morto pela Polícia Militar na última quinta-feira (2), segue com uma série de pontos não esclarecidos.

Depois de furtar um carro na região do Morumbi, zona sul de São Paulo, o menino foi morto com um tiro na cabeça, disparado por PMs, após perseguição policial. Nesta terça (7), a Folha revelou que o garoto de 11 anos que o acompanhava apresentou uma nova versão sobre a fuga, a terceira desde a morte de Italo.

A Secretaria da Segurança Pública diz que todas as versões estão sob análise por meio de inquéritos abertos pelas polícias Militar e Civil. Os policiais estão afastados e à disposição da Corregedoria da PM, disse a pasta.

A seguir, o que se sabe e o que ainda não se tem certeza sobre o episódio.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

1 - O que dizem os policiais que atenderam à ocorrência?
Por volta das 19h de quinta-feira, perseguiram o carro no qual estavam os meninos de 10 e 11 anos –de onde, segundo eles, havia partido um tiro. O carro bateu em outros veículos e, quando parou, um dos meninos atirou contra os policiais. No revide, Italo foi morto com um tiro na cabeça. O policial diz ter mirado no ombro.

2 - O menino Italo estava armado?
As versões são conflitantes. Segundo os policiais militares, sim. Inicialmente, o garoto que o acompanhava disse o mesmo –depois, deu outras duas versões. A última, no domingo, à Corregedoria, sustenta que Italo não estava armado.

3 - O que ocorreu depois?
Segundo o registro da ocorrência, o menino que sobreviveu foi levado para a casa da mãe, onde disse que o carro havia sido furtado de um prédio por Italo, que o ameaçou para ir junto. Em vídeo, o menino é interrogado informalmente e reafirma a versão –revista por ele no domingo à Corregedoria da Polícia Militar.

4 - Quem gravou o vídeo?
Não está claro. Aparentemente, foi gravado por policiais. Questionada pela Folha a respeito, a PM não respondeu.

5 - Por que a PM demorou mais de cinco horas para apresentar na delegacia o menino que sobreviveu?
Não está claro. O crime ocorreu por volta das 19h, e o registro da ocorrência na delegacia se deu pouco depois da meia-noite. Na delegacia, os policiais dizem que levaram o menino até a casa da mãe dele, mas não dizem quanto tempo demoraram. Questionada pela Folha a respeito, a PM não respondeu.

6 - Por que o menino apresentou três versões até agora sobre o crime?
Ainda não se sabe. Inicialmente, confirmou a versão dos policiais, de que Italo atirou duas vezes ainda enquanto dirigia e uma terceira depois de bater o carro. Depois, falou que os três disparos haviam sido dados com o carro em movimento. Por fim, falou que Italo não estava armado.

7 - O vidro do carro estava aberto ou fechado?
A imagem não permite concluir. Mas fotos do local feitas logo após a morte do menino mostram vidro estilhaçado –ou seja, indício de que estava fechado no momento dos tiros. Segundo o advogado do menino sobrevivente, uma criança de 10 anos não teria condições de dirigir um veículo, estando com uma arma na mão e ao mesmo tempo abrindo e fechando o vidro para fazer disparos.