A crise financeira do Estado do Rio de Janeiro afetou o Instituto Médico-Legal, no centro, que decidiu não receber mais corpos para necropsia a partir desta terça-feira (7). Familiares que aguardavam corpos de parentes serem liberados foram surpreendidos com a decisão.

Um deles foi o ator Thiago Lacerda. Inconformado com a demora para a liberação do corpo de seu tio, ele procurou a direção do IML. Após uma conversa, conseguiu que fosse feita a necropsia do corpo do seu familiar. Outros mortos, cujos parentes aguardavam a liberação havia horas, também passaram pela perícia.

"Nós, brasileiros, somos judiados pela ausência do Estado. É um descaso absoluto. É muito triste a condição de trabalho dessas pessoas", afirmou Lacerda.

A decisão de suspender o serviço de necropsia foi tomada por causa da falta de higiene nas salas de perícia. Com salários atrasados, funcionários de limpeza de uma empresa terceirizada deixaram de trabalhar no IML há cerca de um mês.

Profissionais do instituto chegaram, inclusive, a fazer uma "vaquinha" para contratar gente para limpar as áreas onde a necropsia é feita.

A necropsia, por muitas vezes, exige a manipulação de corpos acometidos por doenças, que podem ser transmitidas para pessoas que convivem no local, caso não seja feita a limpeza adequada das instalações, reclamam funcionários do IML.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que as necropsias foram interrompidas porque os peritos reclamam das condições insalubres e que os corpos que, inicialmente iriam para o IML, serão transferidos para postos distantes do centro.

Disse ainda que tem enviado esforços junto à Secretaria de Estado de Segurança e ao Governo do Estado para pagamento das empresas responsáveis pela realização da limpeza