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    tragédia no rio doce

    Sete meses após tragédia, Samarco não fez obras emergenciais, diz comitê

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    08/06/2016 13h47 - Atualizado às 18h27

    Sete meses após a tragédia de Mariana (MG), a Samarco ainda não começou obras consideradas emergenciais para evitar vazamentos e prevenir novos desastres, segundo o comitê interfederativo formado após acordo entre a mineradora, a União e Estados.

    Até agora, os rejeitos que ficaram acumulados na usina hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), a 100 km de onde o rompimento aconteceu, não foram retirados e têm se acumulado.

    Em resolução tomada nesta terça (7) em Brasília, o comitê deu um prazo de dez dias para que a Samarco e o consórcio que administra a usina apresentem um cronograma para que a ação seja feita. Em caso de descumprimento, as empresas poderão sofrer punições de entidades fiscalizadoras.

    "O cronograma de dragagem inicial emergencial junto ao corpo do barramento previa seu início efetivo em 28/03/2016, contudo, até este momento, não foi iniciado o descarregamento das estruturas do barramento", diz a resolução.

    "Conclui-se que as partes, Samarco e Consórcio Candonga, devem realizar urgente alinhamento documentando estratégia de ação comum, planejamento, requisitos das partes e expertise necessária para que os trabalhos possam ser efetivamente realizados."

    O comitê é formado pela União, pelos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e pelos municípios afetados pelo rompimento.

    Em nota, a Samarco (cujas donas são a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton) afirmou que "todo o detalhamento das informações será entregue no prazo de dez dias, conforme solicitado pelo Comitê Interfederativo". Procurado, o Consórcio Candonga ainda não se manifestou.

    POLUIÇÃO PODE PIORAR

    O comitê também pede que a Samarco apresente um cronograma de obras definitivas para evitar que a lama continue a poluir os afluentes do rio Doce. A previsão é de que, se elas não forem concluídas até o período chuvoso, a situação se agravará.

    Até agora, as estruturas provisórias feitas pela mineradora têm sido ineficientes para evitar que os rejeitos sejam carregados pela água. Mesmo o dique que melhor deu conta do trabalho, chamado S3, está com 50% da capacidade de filtragem comprometida.

    À Folha, técnicos do Ibama disseram que a Samarco prevê a finalização de duas estruturas definitivas para conter a lama respectivamente no fim de 2016 e em março de 2017. Ou seja, já no período chuvoso.

    CAMPANHA

    Desde o início do ano, a mineradora tem feito campanhas para retomar suas atividades, suspensas desde que a barragem de Fundão se rompeu.

    Na semana passada, o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), chegou a se reunir com o presidente interino Michel Temer para pedir que o governo federal autorize que a Samarco volte a operar. Júnior reclama da queda de arrecadação e prejuízos ao município, dependente das atividades da empresa.

    Ao ruir, a barragem de Fundão matou 19 pessoas, soterrou o vilarejo de Bento Rodrigues e deixou um rastro de destruição que chega ao litoral do Espírito Santo, a 600 km de distância.

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