• Cotidiano

    Monday, 06-May-2024 10:52:05 -03

    Procuradoria acusa farmacêutica de vender remédio 300% mais caro

    DE BRASÍLIA

    08/06/2016 19h53 - Atualizado às 20h27

    Dado Ruvic/Reuters
    Roche tablets are seen positioned in front of a displayed Roche logo in this photo illustration shot January 22, 2016. REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo ORG XMIT: LONX102
    Ministério Público Federal acusa farmacêutica Roche de vender remédio para câncer 300% mais caro

    O Ministério Público Federal do Distrito Federal entrou com uma ação civil pública em que acusa a empresa farmacêutica Roche de cobrar valores abusivos, de até 300% a mais, para fornecer ao governo um medicamento usado no tratamento de câncer de mama.

    O preço era cobrado de secretarias de saúde que precisavam cumprir decisões judiciais para o fornecimento do medicamento trastuzumabe, usado no tratamento de câncer de mama HER2 positivo, um tipo agressivo de tumor.

    Na ação, a Procuradoria pede que sejam devolvidos aos cofres públicos o valor de R$ 107,1 milhões, como indenização por danos morais.

    Segundo o MPF, o valor foi obtido após uma investigação que mostrou que, "nessas ocasiões, o laboratório –que possui a patente e já fornece o remédio para o Sistema Único de Saúde– cobrava até 300% a mais pelo herceptin, nome comercial do trastuzumabe". Uma única dose, assim, teria chegado a custar R$ 9.500 ao governo.

    Ainda de acordo com a Procuradoria, "embora mantenha contratos junto ao Ministério da Saúde para fornecer, de forma centralizada, o produto, a empresa cobra valores diferenciados quando o pedido parte de uma secretaria estadual".

    Neste caso, o valor médio cobrado do Ministério da Saúde é de R$ 3.423. Já para as secretarias de saúde, é de R$ 7.192. No primeiro caso, no entanto, a compra envolve um volume maior de medicamentos –já no segundo, a compra ocorreria de forma avulsa.

    Para o MPF, os valores deveriam ser equiparados. A ação também aponta a cobrança de preços diferentes entre os Estados e até por uma mesma secretaria de saúde.

    OUTRO LADO

    Questionada, a Roche informou, em nota, que "cumpre integralmente a legislação brasileira" e que ainda não foi notificada sobre a ação –assim que isso ocorrer, irá cooperar com a Justiça e apresentar sua defesa, diz.

    "A Roche Farma Brasil esclarece que respondeu anteriormente a questionamento formulado pelo Ministério Público Federal, no Distrito Federal, em relação a uma representação feita pelo Grupo Direito e Pobreza da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Na oportunidade, forneceu todos os dados e esclarecimentos que lhe foram solicitados e contestou os termos da representação."

    Segundo o MPF, aos procuradores, porém, a empresa alegou que os valores seguem a lógica de mercado e que há alta inadimplência dos Estados.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024