Recém-chegado à região central de São Paulo, Manoel Ferreira logo se encantou com o movimento do cruzamento da av. São João com o largo do Paissandu. Artistas de rádio, de teatro e até de circo se reuniam, e Manoel, já apaixonado por música, caminhava pelo local, observando o lado dos mais fanfarrões e o dos mais certinhos.

Entre os vários encontros com famosos, recordava de uma conversa que teve com o cantor Orlando Silva, que lhe deu dois conselhos caso quisesse ser músico: continuar no lado dos certinhos e trabalhar muito. Orientações que Manoel tentou seguir.

Filho de portugueses, ele era o mais novo de seis irmãos e o único a nascer no Brasil. Perdeu o pai ainda bebê e foi criado pela mãe, que mantinha na propriedade da família, no Limão (zona norte), as plantações de frutas e verduras, que depois eram vendidas no Mercadão.

Ainda pequeno, observava a irmã cantar e imaginava quem teria escrito a canção. Já aos 20 anos, começou ele mesmo a compor, sendo seu primeiro sucesso a marchinha "Muito bem", escrita com Arrelia e Antônio Mogica.

Vieram depois "A pipa do vovô", "Coração corintiano", "A bruxa vem aí", entre outras. Muitas das mais de 200 canções, foram compostas com a mulher Ruth e algumas gravadas por Sílvio Santos.

Sempre alegre, sorridente e pronto para uma piada, Manoel nunca parou de compor, deixando anotações em bloquinhos e pedaços de papel guardados em sua carteira

Morreu dia 31, aos 86, devido a uma insuficiência renal. Deixa mulher, dois filhos, dois netos e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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