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    Universitários de Mogi vão ao litoral para doar sangue a feridos em acidente

    KLAUS RICHMOND
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SANTOS (SP)

    10/06/2016 12h27 - Atualizado às 15h30

    Dezenove estudantes e um professor da Universidade Braz Cubas, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, estiveram na manhã desta sexta-feira (10) no Hospital Santo Amaro, em Guarujá –litoral sul paulista–, para ajudar parte dos 17 feridos no acidente que ainda matou 18 pessoas na rodovia Mogi-Bertioga, em São Paulo.

    O grupo, liderado por Renan Bonini, 25, estudante do curso de direito, foi ao local para doar sangue às quatro vitimas que seguem no local.

    "Alguns dos amigos envolvidos [no acidente] estão sempre conosco. Começamos a organizar homenagens às vítimas, mas o caso tomou uma proporção grande e então decidimos pela doação de sangue", disse o estudante, também presidente da atlética.

    A universidade cedeu ônibus ao grupo para o deslocamento até a Baixada Santista. Antes da doação, os estudantes –dos cursos de direito, engenharia, serviço social, farmácia, logística– ligaram para os hospitais de Mogi e Bertioga, e constataram a maior necessidade em Guarujá.

    Ao todo, quatro das seis vítimas encaminhadas após o acidente estão no hospital –duas delas morreram. O caso mais grave é o de Erick Augusto Ramalho, 21, que se encontra na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) neurológica do local devido a um traumatismo craniano.

    Além dele, Laís de Oliveira está sedada devido a fortes dores ocasionadas por uma fratura na bacia. Luziene Batista dos Santos e Aline de Jesus Santos sofreram ferimentos e têm estados estáveis.

    Entre os 18 mortos, 16 moravam em São Sebastião (veja aqui o perfil das vítimas ). Batalhadores, viviam em casas simples na cidade turística e queriam estudar para progredir profissionalmente –como o pedreiro Damião Braz dos Santos, que estudava engenharia.

    INTERNADOS

    Além dos feridos internados em Guarujá, outros dois seguem na Santa Casa de Misericórdia, em Santos.

    Leandro Amorim Silva, 22, tem quadro estável. Ele sofreu traumatismo craniano, fratura em uma das vértebras e outra no braço esquerdo. Já Felipe Ferreira da Silva, 17, grave, está na UTI neurológica devido a um traumatismo craniano. Tem coágulos de sangue no cérebro, vértebra quebrada e precisará passar por uma cirurgia na coluna.

    SEM DOAÇÃO DE SANGUE

    Quinze pessoas saíram de Barra do Una, em São Sebastião, e foram até o Guarujá para doar sangue para os feridos do acidente que matou 18 pessoas. Quando chegaram no hospital Santo Amaro, funcionários da intuição se recusaram a receber as doações, que só pode ser feita até as 14h.

    "Numa situação dessa, faltando sangue, eles não podem nem dar uma esticadinha no expediente", reclamou o motorista Davidson Prates, 30, que mais cedo estava no enterro de sete vítimas da tragédia.

    "A gente alugou até uma van para vir e agora não conseguimos doar", diz o garçom Antônio Francisco Macedo, 30, primo de uma das vítimas –Maria Macedo, enterrada nesta manhã.

    O hospital Santo Amaro afirma que existe um horário limite para enviar o sangue doado para o hemocentro de Santos. Depois desse horário, que é ao meio-dia, eles não poderiam mais recolher.

    Dois feridos do acidente seguem internados no hospital: Érick Aigusto Carvalho, 20, está em estado grave; e Laís de Oliveira Coata, 21, sofreu uma fratura na bacia e não corre risco de morte.

    Colaborou LEANDRO MACHADO

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    O ACIDENTE

    Editoria de Arte/Folhapress
    Mapa acidente Mogi

    Por volta das 23h30 de quarta (8), ônibus que levava estudantes tombou na rodovia Mogi-Bertioga (SP)

    1. O ônibus seguia pela Mogi-Bertioga no sentido litoral, em trecho onde só há uma pista (existem duas pistas no sentido Mogi)

    2. A neblina havia acabado após uma região da serra conhecida como "tobogã", e a rodovia tinha boa visibilidade

    3. Próximo a uma curva à direita, sem acostamento, ele ultrapassou um carro, chegando a encostar no veículo

    4. Nessa hora, começou a balançar, indo de um lado para o outro, prestes a virar

    5. Tombou, deslizou pela pista e bateu em uma rocha na margem da via, parando de lado em uma vala

    Editoria de Arte/Folhapress

    A ESTRADA E O ÔNIBUS

    O percurso até Mogi das Cruzes é feito todos os dias, com cerca de 250 universitários, por 6 ônibus fretados pela Prefeitura de São Sebastião

    40 a 60 km/h é o limite de velocidade no trecho da serra da Mogi-Bertioga (40 km/h com pista molhada e 60 km/h em pista seca)

    64 acidentes aconteceram na rodovia em 2016; neles, seis pessoas morreram

    4 ônibus, pelo menos, tombaram neste ponto desde 2006, deixando 54 feridos e 4 mortos. O último foi neste ano, mas sem vítimas

    Modelo do ônibus do acidente: Marcopolo Viaggio G6 1050
    Empresa: União do Litoral
    Ano de fabricação: 2005

    Fontes: Prefeitura de São Sebastião, Polícia Rodoviária Estadual, DER, União do Litoral e Cezar Donizetti Vieira, 54, que dirigia o carro atingido pelo ônibus

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