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    Vítima de estupro coletivo foi para o Piauí para fugir de abuso sexual no DF

    YALA SENA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TERESINA (PI)

    16/06/2016 18h55

    Yala Sena/Folhapress
    Adolescente vítima de estupro coletivo em Bom Jesus, no Piauí
    Adolescente vítima de estupro coletivo em Bom Jesus, no Piauí

    A jovem de 17 anos vítima de estupro coletivo em Bom Jesus (a 634 km de Teresina) disse à Folha nesta quinta-feira (16) que já sofreu tentativa de abuso sexual em Brasília, cidade onde nasceu. A adolescente, que morava com a mãe lá, se mudou para o Piauí há um ano para fugir das investidas de um vizinho.

    Em maio, a jovem foi encontrada seminua e amordaçada com a própria roupa em uma obra em construção no centro de Bom Jesus. Cinco pessoas são suspeitas de participarem do estupro coletivo –quatro são adolescentes entre 15 e 17 anos e um rapaz de 18 anos. Os adolescentes foram soltos pela Justiça e o maior continua preso no presídio do município.

    Visivelmente abalada ainda pelo crime em Bom Jesus, a jovem contou que há dois anos um vizinho em Brasília tentou lhe abusar.

    "Ele montou uma armadilha. Disse que uma pessoa estava me chamando no quarto e quando fui ele fechou a porta e tentou tirar minha roupa. Graças a Deus consegui fugir", disse ela, que não quis dar mais detalhes com medo de retaliações.

    'A CULPA NÃO É MINHA'

    Após o crime, a adolescente tenta retornar a sua rotina. Ela está tendo acompanhamento psicológico, voltou a frequentar a sala de aula –é estudante do primeiro ano do ensino médio– e se inscreveu para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para o curso de medicina veterinária.

    Ela se irrita com as acusações de que é culpada pelo estupro. "A culpa não foi minha. Eles agiram como Judas, fingiram ser meus amigos, e acredito que foi tudo premeditado. A conversa deles era muito estranha, falando que era a última vez que a gente iria se encontrar ali e não veio na minha cabeça que iria ser comigo", disse.

    A jovem afirma que não tem mágoas dos adolescentes. "Pra mim é como se nada tivesse acontecido, minha vida continua, não lembro e não vi nada, meu medo é me encontrar com eles."

    Ela nega que foi obrigada a ingerir bebida alcoólica e que estava no local porque conhecida os cinco jovens. Evangélica, a vítima diz que está deixando de ir à igreja com medo de sair de casa.

    AUDIÊNCIA SUSPENSA

    A audiência pública que iria discutir os casos de estupro coletivo no País foi suspensa nesta quinta-feira (16), em Teresina, após tumulto na Assembleia Legislativa do Piauí.

    Uma comissão de deputados federais veio ao Estado para ouvir autoridades que acompanham os quatro estupros coletivo ocorridos no Piauí em pouco mais de um ano.

    Ativistas presentes no local atacaram os parlamentares e gritaram "Fora Temer". Os deputados tiveram que se reunir a portas fechadas.

    ESTUPROS COLETIVOS

    Em menos de um mês o Piauí registrou três casos de estupro coletivo. Além de Bom Jesus, agentes apuram casos em Pajeú e em Sigefredo Pacheco, todos no interior do Estado.

    Há um ano, outro caso emblemático no mesmo Estado chocou o país: quando quatro jovens foram amarradas em árvores, agredidas e atiradas do alto de um morro. Uma das vítimas, Danielly Rodrigues Feitosa, 17, morreu após passar dez dias internada.

    No Ceará, a polícia apura um estupro coletivo em uma escola pública de Fortaleza, onde cinco meninos –de 9 a 13 anos– atacaram um garoto de 9 anos numa escola pública de Fortaleza.

    No Rio, uma adolescente de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens numa favela da cidade.

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