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    Buenos Aires distribui roupas e comida a moradores de rua no frio

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    18/06/2016 02h00

    Divulgação
    Foto del Ministerio de Desarrollo Humano y Hábitat/GCBA ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Agentes do governo de Buenos Aires distribuem roupas e comida a moradores de rua no frio

    Há duas semanas, o governo da cidade de Buenos Aires começou a distribuir gorros, meias, luvas e cobertores à noite para os moradores de rua. A medida faz parte da Operação Frio, que é mantida há nove anos nos meses de junho, julho e agosto.

    Entre as 19h e as 2h do dia seguinte, carros do governo percorrem a cidade para chamar os desabrigados aos albergues. Além dos 1.500 leitos que existem durante todo o ano, são oferecidos outros 500 no inverno –instalados em quadras de clubes de bairro.

    Se as pessoas abordadas não querem sair da rua, são oferecidos os kits com peças de roupa e cobertor, além de um prato de comida.

    Maximiliano Corach, subsecretário de Fortalecimento Familiar do Ministério do Desenvolvimento Humano de Buenos Aires, conta que, assim como ocorre em São Paulo, a resistência dos moradores de rua é grande.

    "Em geral, essas pessoas já perderam todas as relações de confiança que tinham. Também tem os que, por exemplo, são lavadores de carro em um certo local e não querem sair para não perder o ponto."

    Para Horacio Ávila, da ONG Proyecto 7, que tem dois abrigos para moradores de rua, a forma como as pessoas são recebidas nos albergues públicos acaba as afastando. "Elas são maltratadas, revistadas quando chegam e obrigadas a tomar banho. Também há polícia fiscalizando."

    Ávila destaca que o programa do governo tem outros problemas, como a demora no atendimento. "Dizem que é só ligar que um carro vem em cinco minutos. Não é verdade, demora até seis horas."

    O diretor da ONG acrescenta que as luvas e os gorros não são suficientes para resolver o problema. "As políticas precisam ser contínuas durante o ano, além de integrarem as pessoas à comunidade."

    Assim como ocorreu no Brasil, três moradores de rua morreram em Mar del Plata (420 km ao sul de Buenos Airres) na última onda de frio.

    Para os períodos em que a temperatura atinge recordes negativos, a capital argentina tem ainda um programa em que uma tenda é montada no centro com cozinha e um posto médico da Cruz Vermelha. Nessas noites, são servidas em média 700 refeições.

    De acordo com a ONG Proyecto 7, aproximadamente cem moradores de rua morrem por ano em Buenos Aires por diversos motivos, mas uma grande parte é em decorrência de problemas respiratórios que surgem no inverno.

    "As mortes naturais também estão diretamente relacionadas à situação de rua, que inclui doenças crônicas e má alimentação."

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