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    Vítima de assédio tem indenização negada por ter ficado 'impassível'

    ANGELA BOLDRINI
    DE SÃO PAULO

    21/06/2016 18h33

    Felipe Souza/Folhapress
    Um problema em um trem afetou os passageiros da linha 3-vermelha do Metrô na manhã desta quinta-feira - estação brás
    Plataforma da estação Brás, na Linha Vermelha do Metrô de São Paulo

    Uma vítima de assédio sexual teve seu pedido de indenização contra o Metrô de São Paulo negado pela 24ª Vara Cível de São Paulo, na última quinta (16).

    A mulher, cuja identidade não foi revelada, pedia R$ 788 mil em indenização por ter sido assediada na linha 3-vermelha entre as estações Brás e Sé, no dia 2 de outubro de 2015.

    De acordo com a sentença da juíza Tamara Hochgreb Matos, o pedido de indenização é improcedente pois, durante o ataque, a mulher teria ficado "impassível e nada fez enquanto era tocada por terceiro". A falta de reação teria sido o motivo da demora da ação de um segurança que se encontrava no vagão, diz o texto.

    "Se a autora tivesse expressado seu incômodo de forma inequívoca no início das agressões, os seguranças poderiam ter agido antes e evitado a situação."

    De acordo com a juíza, a indenização não seria cabível porque o Metrô teria agido "de forma ágil e eficaz, até mesmo adiantando-se à vítima, que em princípio nada fez para evitar a situação."

    Segundo a denúncia da vítima, um homem teria se postado atrás dela no vagão e retirado o pênis da calça, esfregando-se nela. O suspeito foi detido por seguranças do vagão e encaminhado para a 6ª Delegacia de Polícia do Metropolitano.

    O advogado titular do escritório que atua no caso, Ademar Gomes, afirmou que recorrerá da decisão. "Achamos a sentença esdrúxula, por culpar a vítima". Segundo ele, a mulher estava "apavorada" e por isso não reagiu ao assédio.

    "Ela não sabia se ele tinha arma, se tinha uma faca, qualquer coisa. Estava apavorada e por isso não reagiu."

    Procurada, a assessoria de imprensa do Metrô informou que a companhia não se manifestará sobre a decisão.

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