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    Casos de caxumba explodem em SP; situação não é de alarme, diz médico

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    23/06/2016 17h00

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Mulher recebe vacina no Instituto Central do Hospital das Clínicas, em São Paulo
    Mulher recebe vacina no Instituto Central do Hospital das Clínicas, em São Paulo

    O número de casos de caxumba explodiu no Estado de São Paulo e, em menos de seis meses, a incidência já supera os registros somados de 2015 e 2014.

    De acordo com balanço divulgado pelo CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), do governo estadual, com dados atualizados até 16 de junho, houve 842 casos só no primeiro semestre deste ano. Foram 671 em 2015, e 118 em 2014. É a maior incidência da doença desde 2008, quando o Estado registrou 3.394 casos.

    A situação também é preocupante na capital paulista: a Secretaria Municipal de Saúde registrou 487 casos até 11 de junho deste ano. Foram 68 casos no mesmo período do ano passado, e 283 casos em todo o ano de 2015.

    Tanto governo estadual quanto municipal explicam que a notificação não é compulsória e que só casos de surtos (quando mais de uma pessoa contrai a doença no mesmo local) são contabilizados.

    Não existe uma explicação clara para o aumento do número de casos, mas não há motivo para alarme, diz o médico infectologista Guido Levi, da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Caxumba é uma doença que, em geral, não é mais que desagradável", afirma.

    Entre os sintomas estão febre, dor de cabeça, dor muscular e inflamação em glândulas –na maior parte dos casos, na parótida, glândula salivar próxima do ouvido. Outras glândulas também são suscetíveis, como o pâncreas.

    VACINAÇÃO

    Para evitar a doença, deve-se tomar a vacina tríplice viral, que, além da caxumba, protege contra rubéola e sarampo. A primeira dose é dada de rotina em crianças de um ano de idade em postos de saúde. O aumento dos casos pode ser explicado, segundo Levi, pelo fato de poucas pessoas terem tomado uma segunda dose da vacina.

    A cada cinco anos, o Programa Nacional de Imunização realiza uma campanha nacional de vacinação contra a doença –a última ocorreu em 2014

    Fora da campanha, a vacina é encontrada em postos de saúde, mas deve ser tomada com receita médica, após exame de sangue, porque outros vírus, como o parainfluenza, podem causar sintomas similares, explica Fernando Gatti de Menezes, infectologista do hospital Albert Einstein.

    Além disso, há restrição para gestantes e pessoas com baixa imunidade, como portadores de HIV, porque a vacina contem vírus vivos atenuados –nesses casos, pode acontecer a chamada reversão, quando o vírus consegue provocar a doença.

    A doença é transmitida por via oral, explica Menezes, e pode passar em caso de tosse ou mesmo de fala. "O ideal é evitar aglomerações. Às vezes a pessoa ao lado tem caxumba e você não sabe", diz ele, que ainda recomenda manter uma dieta saudável e hidratação adequada.

    E o tratamento? "Analgésico, anti-inflamatório e muito repouso", afirma. Os sintomas podem permanecer por sete a nove dias e, na maioria dos casos, o paciente se torna imune à doença.

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