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Vídeo cedido pelo portal "Viver em Santos"

A música-tema do filme "Titanic" tocada por um passageiro em uma embarcação quebrada, e que virou vídeo viral na internet nesta semana com mais de 350 mil acessos, deu o tom do problema que envolve as balsas de travessia para Guarujá, no litoral paulista, agravado nos últimos meses.

As travessias para a cidade, tradicionalmente cheias, estão cada vez mais no limite. A prefeitura teme lotação ainda maior com a chegada dos turistas para os momentos considerados cruciais nos próximos feriados e até mesmo para o verão, em dezembro.

O colapso do sistema aconteceu nesta semana. O trajeto Santos-Guarujá teve espera de mais de duas horas e muita irritação dos passageiros pelo fato de cinco das sete embarcações terem apresentado problemas na última segunda-feira (20).

Na quarta, foi a vez de Guarujá-Bertioga, que ficou um dia todo sem a travessia. Há 40 dias, o trecho só conta com uma das três balsas para o percurso.

O engenheiro Roberto de Salles, 63, que faz a travessia há 16 anos, diz ter a percepção de que o número de carros aumenta, mas o sistema segue o mesmo. "Tenho uma regalia hoje que é a fila preferencial, por ter mais de 60, mas mesmo assim nos melhores dias fico muito tempo aguardando. Cheguei a morar em Guarujá por dois anos para evitar esse problema", desabafou.

Diariamente, uma média de 23 mil veículos fazem o trajeto Santos-Guarujá, enquanto outros 1.000 fazem o Guarujá-Bertioga, segundo informações da Dersa, a empresa de economia mista (o governo estadual é o maior acionista) responsável por operar as balsas.

No feriado de Tiradentes, em abril, a principal travessia recebeu mais de 135 mil veículos, gerando longas filas e uma nova notificação do Procon da cidade pedindo justificativas.

O vídeo postado na segunda mostrou problemas também nas balsas exclusivas para pedestres. Ele foi gravado por um usuário durante problemas na travessia Santos-Guarujá.

'SERVIÇO MAL-PRESTADO'

Em dezembro do último ano, durante a temporada de verão, o município conseguiu junto ao Procon multar a empresa em R$ 608 mil por conta dos problemas. Agora, pede por planejamento para evitar um caos ainda maior.

"Tudo isso nos preocupa muito, é uma piora que só tem se intensificado. Estamos notificando a Dersa para que nos apresentem com urgência os planos de operação para feriados e o verão que está por vir", disse Leandro Matsumota, advogado-geral do município.

A prefeitura, segundo Matsumota, tem feito blitz diárias para controlar o tempo na fila –que afirma nunca ser menor que 20 minutos. "As reclamações começam antes mesmo das temporadas e feriados, mas depois aumentam. É um serviço muito mal prestado", diz.

O problema, de acordo com o advogado, é iniciado pelo número de balsas operantes. Atualmente, em Santos, são seis, sendo que nove seria considerado o número ideal para evitar as esperas prolongadas, na avaliação da prefeitura.

OUTRO LADO

A respeito do vídeo viral relatando problema na balsa de passageiros, a Dersa diz que a falha ocorreu "em um dos reversores [peça acoplada ao motor] quando fazia a atracação na estação" no trecho Santos-Guarujá.

Já sobre as críticas a respeito da longa espera nesta semana, a Dersa afirmou que a média do tempo de espera é inferior a 20 minutos e que os problemas com as embarcações foram "esporádicos", envolvendo falhas no motor em quatro balsas e um problema no leme na quinta.

Em Bertioga, a explicação da empresa foi de problemas técnicos no reversor. A balsa foi trazida a Guarujá para reparos e voltará a funcionar na primeira quinzena de julho. Enquanto isso, permanecerá com uma de Santos-Guarujá emprestada.

Em nota, a empresa diz que desde 2011 recebeu R$ 87 milhões de investimento público e que tem utilizado o montante para uma série de melhorias, que já elevaram a capacidade operacional em 30%, passando de 1.029 veículos por hora para 1.338, diminuindo o tempo das filas.

Segundo a Dersa, na cidade de Santos há uma balsa em reforma geral, com previsão de retorno para dezembro. Outra passa por troca de motores para ser concluída em julho. A terceira precisou ser deslocada para substituir a que apresentou problemas na travessia Guarujá-Bertioga.

A respeito do trecho Bertioga-Guarujá, o problema, no entanto, é que caso a única balsa operante apresente nova falha, outra de Santos precisará ser deslocada, já que as duas demais passam por reformas gerais e só retornam entre novembro e dezembro, afetando diretamente o período mais crítico.