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    Menino de 11 anos morto por guarda-civil é enterrado em São Paulo

    MARINA ESTARQUE
    DE SÃO PAULO

    27/06/2016 16h20 - Atualizado às 18h49

    Marlene Bergamo/Folhapress
    Amigos e familiares do menino Waldik, 11, morto por um guarda-civil, se emocionam no enterro
    Amigos e familiares do menino Waldik, 11, morto por um guarda-civil, se emocionam no enterro

    Foi enterrado nesta segunda-feira (27) o corpo do menino Waldik Gabriel Chagas, 11, morto por um agente da GCM (Guarda Civil Metropolitana) no sábado (25), na zona leste de São Paulo.

    A cerimônia, no cemitério Vila Formosa, foi marcada pelo clamor dos familiares do menino por justiça. "Foi um tiro certeiro, eles atiraram para matar. Não dá para se conformar. O que ele [guarda] fez foi uma barbaridade. Se fosse com o filho dele, ele iria até o inferno buscar quem matou. Quero justiça", disse o tio do menino, Valmir Chagas, 39, durante o velório.

    Waldik foi morto com um tiro na nuca por um guarda-civil metropolitano no fim de semana, no banco traseiro de um Chevette alvo de tiros. Segundo a Guarda Civil, homens que ocupavam o carro faziam assaltos em Cidade Tiradentes, na zona leste. Perseguidos, não pararam e atiraram. Depois fugiram.

    O autor do disparo que matou o garoto foi preso por homicídio culposo (sem intenção). A Secretaria da Segurança Pública informou que o GCM pagou R$ 5.000 de fiança e foi liberado.

    O tio do menino disse que via a criança com frequência. "Fiz aniversário ontem e olha o que eu ganhei de presente", afirmou Valmir, emocionado.

    O pai de Waldik também cobrou punição e disse acreditar que o filho foi executado. "Esses policiais não tiveram consideração com as crianças. O GCM já está solto", afirmou Waldik Marcelino Chagas, 37. "Que justiça é essa?", questionou.

    Waldik pai é motorista de caminhão e conta que o menino gostava de acompanhá-lo no trabalho. "Ia comprar um caminhãozinho, para ele trabalhar comigo quando fosse maior, e a gente ia viver a nossa vida, mas a GCM não deixou".

    "Ele era meu único filho, meu bem maior. O GCM matou minha criança. Policial tem que proteger o patrimônio, não matar as crianças", disse o pai, tentando conter as lágrimas.

    Segundo a mãe de Waldik, a ajudante de cozinha Orlanda Correia Silva, 47, o menino estava em casa dormindo no sábado, quando foi chamado pelos amigos para uma festa, horas antes de ser morto.

    "A irmã disse que não era para ele sair, porque eu não deixava, e fechou o portão. Eu não estava em casa. Mas o Waldik tomou banho, se arrumou e saiu", conta Orlanda.

    Waldik Gabriel Silva Chagas

    CARTAZES

    Um ônibus lotado levou os vizinhos da criança ao velório. Na cerimônia, familiares e amigos aplaudiam e se abraçavam. Um dos familiares gritou: "Ai meu irmão, ai meu Deus. Essas pessoas vão se arrepender do que fizeram para o resto da vida".

    O caixão de Waldik foi acompanhado por dezenas de crianças e adolescentes, que levavam cartazes e cantavam funks de luto. "A saudade é cruel. Eu e sua mãe que te amamos estamos aqui", dizia uma das letras.

    "E num pequeno gesto de carinho, cantaremos com amor, constantemente em nossos pensamentos", recitaram amigos do menino, entre choros e soluços. No caminho e durante o enterro, amigos gritaram "justiça" e "tudo pelo Biel", apelido de Waldik.

    A irmã do menino, Marília Gabriela, 16, carregava um cartaz com os dizeres: "Biel, te amo. Você vai fazer muita falta para mim".

    Região onde garoto foi morto

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