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    Guarda civil de São Paulo perde efetivo e amplia suas atribuições

    EMILIO SANT'ANNA
    DE SÃO PAULO

    28/06/2016 02h00

    A perseguição da Guarda Civil Metropolitana de SP que acabou com a morte do menino Waldik Grabriel Chagas, 11, na noite de sábado (25), foi a terceira ação do ano em que os agentes fizeram disparos de armas de fogo na cidade.

    De acordo com levantamento da gestão Fernando Haddad (PT), houve outros sete casos no ano passado, dois em 2014 e três em 2013.

    Entre essas ocorrências estão, em sua maioria, intervenções que ocorreram no deslocamento dos guardas a caminho ou na saída do trabalho e casos de flagrantes objetivos, como assalto a ônibus.

    Criada em 1986 durante a gestão de Jânio Quadros, a GCM começou a trabalhar em setembro daquele ano com armas emprestadas pelo Exército brasileiro.

    Segundo o presidente do Sindiguarda (sindicato da categoria), Clóvis Roberto Pereira, hoje em dia a corporação sofre com outro problema: a falta de efetivo. Atualmente são 6.100 agentes. "Temos menos guardas do que tínhamos em 2004", afirma.

    Ele diz que, nesse período, apesar da queda no número de guardas, aumentaram as atribuições da corporação, como a ação 24 horas por dia na região da cracolândia, no centro de São Paulo.

    Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, 500 novos agentes serão contratados, uma vez que o concurso já foi realizado.

    Para ele, a ação que terminou na morte do garoto foi uma "ocorrência totalmente equivocada". Mariano, no entanto, não acredita que existam falhas na formação dos agentes da guarda.

    O curso que coloca os GCMs nas ruas é composto por 600 horas de aula, e o agente precisa passar periodicamente por capacitações. Entre o que aprende durante sua formação estão as técnicas de tiro defensivo, que visa minimizar os riscos.

    "Os guardas têm treinamento e formação adequados e a cada ano precisam passar por aperfeiçoamentos", diz o presidente do Sindiguarda.

    Nesta segunda-feira (27), Haddad afirmou que foi equivocada a abordagem da guarda civil na perseguição que causou a morte do menino.

    Segundo o prefeito, um GCM anda armado para se proteger, e não para fazer policiamento. "Por isso, a condução de classificar como homicídio sem intenção de matar era apropriada até que novos fatos sejam trazidos à luz."

    RESPOSTA

    O Sindiguarda publicou nota em que diz que Haddad desconhece a atuação da corporação. À Folha, o presidente do sindicato afirmou que a declaração do prefeito é desconectada da realidade e "pode complicar ainda mais a atuação da GCM na cidade".

    Haddad já teve outros embates com a GCM. Em 2013, a primeira crise do prefeito foi o conflito entre a corporação e skatistas na praça Roosevelt, no centro. Mais recentemente, o petista teve de baixar uma regra para que os guardas não retirassem objetos pessoais de moradores de rua.

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