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    Colegas de GCM não confirmam versão de guarda que matou garoto de 11 anos

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    28/06/2016 14h29

    Os dois colegas do guarda municipal que matou um menino de 11 anos durante perseguição no último final de semana não confirmaram, em depoimento à Polícia Civil, que tenha havido troca de tiros entre eles e os ocupantes do carro em fuga.

    Isso enfraquece a justificativa apresentada pelo guarda Caio Muratori, 42, para ter efetuado disparos contra o Chevette que havia acabado de ser furtado na região da Cidade Tiradentes (zona leste), onde estava Waldik Gabriel Silva Chagas. O menino, conhecido com Biel, levou um tiro na nuca, foi socorrido pelos próprios guardas, mas não resistiu ao ferimento.

    Documentos obtidos pela Folha mostram que os dois guardas que estavam com Muratori no carro da GCM (Guarda Civil Municipal) afirmaram ter ouvido estampidos de tiros, mas não podiam dizer que eles tenham vindo do veículo em que estava Waldik. A negativa desses dois guardas foi antecipada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

    "Indagado por esta autoridade policial se realmente os suspeitos dispararam contra a sua viatura, respondeu não poder afirmar se isso realmente ocorreu, pois estava concretado em dirigir a viatura", disse o motorista da equipe, o GCM Fábio de Jesus Inácio da Silva.

    O outro guarda, Guilherme Gomes Pommer, repetiu a mesma versão. Escutou os tiros, mas não podia dizer de onde vinham porque estava no banco de trás e, em razão da perseguição em alta velocidade, "era jogado de um lado para o outro no banco traseiro".

    Waldik Gabriel Silva Chagas

    Eles também disseram que não viram nenhum dos dois suspeitos armados quando eles fugiram do Chevette deixando o colega baleado para trás.

    A perícia preliminar realizada no veículo também não encontrou indícios de ter havido tiros que partiram de dentro do Chevette. Todos esses detalhes levaram a Polícia Civil a decretar a prisão em flagrante do guarda, que pagou uma fiança de R$ 5.000 para responder o processo em liberdade.

    Em sua versão, Muratori confirmou ter efetuado os disparos, mas fez isso porque tem certeza absoluta de que ouviu estampidos e clarões saindo do carro em fuga em sua direção. Disse que seus disparos foram em direção aos pneus do Chevette, mas acabou errando um deles.

    Disse ainda que está na GCM há mais de 13 anos, que tem uma ficha funcional limpa. "Que jamais teve intenção de acertar, ferir ou matar qualquer dos ocupantes que estava no veículo Chevette e muito menos ferir mortalmente uma criança que nem imaginava que estava no banco traseiro, tendo em vista que o carro tinha película escura em todos os vidros."

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