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    Motorista desrespeita regra e usa táxi para rodar como Uber em São Paulo

    GIBA BERGAMIM JR.
    RODRIGO RUSSO
    DE SÃO PAULO

    29/06/2016 02h00 - Atualizado às 12h58 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    A fotógrafa Lela Beltrão, 38, acionou o Uber –aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros– e, em poucos minutos, apareceu na tela de seu celular a informação de que o carro já estava à disposição.

    Viu que a placa do veículo que estacionou à sua frente batia com a informação do aplicativo, mas com um detalhe estranho: a placa era vermelha e o carro branco ostentava um luminoso com a palavra "táxi" no teto.

    Avener Prado/Folhapress
    Táxi preto, autorizado pela Prefeitura de São Paulo a pegar passageiros na rua
    Táxi preto, que tem placa vermelha

    Assim como no caso de Beltrão, a Folha identificou outros exemplos de taxistas que se cadastraram no aplicativo para buscar clientes em São Paulo. Ao detectar a prática –ilegal, segundo a Secretaria Municipal de Transportes– o Uber passou a recusá-los.

    Do ano passado para cá, os taxistas fizeram uma série de protestos contra a regulamentação de aplicativos do tipo com a acusação de que eles fazem concorrência desleal.

    Segundo a fotógrafa, o serviço foi bom. Questionado por ela, o motorista disse que estava fazendo um teste para ver qual era a maneira mais vantajosa de trabalhar. Para isso, desligou o taxímetro e a cobrança foi feita por meio do aplicativo.

    A Secretaria Municipal de Transportes diz que o motorista que atua com um táxi "mediante aplicativos estranhos a esta natureza, como o Uber" pode ter o alvará de estacionamento cassado. A prática desrespeita lei federal que exige taxímetro em táxis que circulam em cidades com mais de 50 mil habitantes e a lei municipal que regulamenta o serviço.

    Atuando pelo Uber, um táxi pode também burlar decreto do prefeito Fernando Haddad (PT) que libera apenas os táxis para circular nas faixas exclusivas de ônibus à direita e corredores à esquerda. Taxistas ouvidos pela Folha dizem que a prática pode ter duas explicações.

    A primeira: motoristas de táxi que trabalham para empresas de frota estão buscando o aplicativo como renda extra. As frotas cobram até cerca de R$ 200 por dia, segundo esses profissionais – as empresas dizem que o máximo é R$ 170. Os donos de frota deixam os carros à disposição deles 24 horas por dia. No Uber, não há cobrança diária, mas a empresa fica com 25% do valor de cada viagem na modalidade X, com carros menos luxuosos.

    Outra possibilidade é que motoristas que aguardavam o alvará para atuar na modalidade táxi preto –mais luxuoso e criado para concorrer com os aplicativos– tenham se cadastrado no Uber para rodar antes de o alvará ser formalizado.

    RECUSA

    Recentemente, o Uber passou a enviar mensagens de texto a motoristas parceiros dizendo que os táxis não são elegíveis na plataforma. A empresa disse à Folha, porém, que a recusa é para os carros com placa vermelha. Se uma pessoa que tem a licença para dirigir táxi quiser atuar pelo aplicativo terá que ter um carro particular, de placa cinza.

    Quando é detectado que se trata de um carro com placa vermelha, o veículo é desativado da plataforma. Crítico ferrenho do Uber, o vereador e taxista Salomão Pereira (PSDB) disse que a maioria da categoria não tolera a prática.

    Como funcionao Uber

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