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    Central da GCM não seguiu norma em ação que acabou na morte de menino

    RAFAEL RIBEIRO
    DO "AGORA"

    01/07/2016 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Mãe de Waldick Gabriel Silva Chagas mostra a foto do filho morto por um GCM na noite do último sábado(25), na Cidade Tiradentes, zona leste da cidade de São Paulo
    Mãe de Waldick Gabriel Silva Chagas mostra a foto do filho morto por um GCM

    Em nenhum momento da perseguição que culminou na morte do menino Waldik Gabriel Silva Chagas, 11, na noite do último sábado (25), em Cidade Tiradentes (zona leste), o centro de operações da Guarda Civil Metropolitana pediu que os agentes envolvidos na ocorrência interrompessem a atuação e acionassem a Polícia Militar, como manda o protocolo. É o que comprovam as gravações da comunicação entre eles, obtidas pela Polícia Civil.

    Segundo o secretário municipal da Segurança Urbana, Benedito Mariano, desde 2008 está estabelecido "de forma clara" que guardas-civis não devem participar de perseguições e só podem agir em situação de flagrante. Caso haja fuga dos suspeitos, os agentes devem avisar a PM.

    Caio Muratori, 42, guarda-civil indiciado pelo homicídio culposo (sem intenção) de Waldik, disse à polícia que manteve contato com o centro de operações durante toda a ação. A informação foi confirmada pelos dois colegas que o acompanhavam.

    Em depoimento, o agente disse que a recomendação para acionar a PM veio só após ele confirmar que Waldik estava morto.

    O guarda-civil não esclareceu se veio do centro de operações a recomendação para atirar nos pneus do carro, como ele diz ter feito. Segundo o agente, um desses disparos atingiu Waldik.

    Waldik Gabriel Silva Chagas

    O prefeito Fernando Haddad (PT) disse no início da semana que guardas-civis andam armados só para se proteger. "Não é para fazer policiamento", disse.

    Segundo a polícia, o áudio confirma os depoimentos dos agentes. É comunicado até o momento em que o guarda-civil diz ter escutado estampidos que achou serem tiros. O conteúdo integral é mantido em sigilo.

    Os investigadores aguardam os laudos da perícia e já ouviram os dois adolescentes que estavam com Waldik no carro. Ambos dizem que não estavam armados. O guarda-civil indiciado pagou fiança de R$ 5.000 e responde em liberdade. Ele e os dois colegas foram afastados.

    Região onde garoto foi morto

    PREFEITURA

    Por meio de nota, a prefeitura, da gestão Fernando Haddad (PT), afirmou que o processo administrativo instaurado pela Corregedoria da Guarda Civil Metropolitana investiga toda a conduta adotada pela corporação na atuação da ocorrência.

    A apuração incluiria também a conduta dos agentes do centro de operações. A gestão diz que vai colaborar com o que for necessário com a Polícia Civil para o esclarecimento do caso.

    Os três guardas-civis que participaram do caso podem sofrer punições pela quebra de protocolo. Há, inclusive, a possibilidade de serem expulsos da Guarda.

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