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    Promessas de ajuda por tragédia de Mariana (MG) são engavetadas

    JOSÉ MARQUES
    DE BELO HORIZONTE

    02/07/2016 02h00

    Antes da vitória de 3 a 0 sobre o Peru pelas eliminatórias para a Copa em novembro, 12 dias após a tragédia de Mariana (MG), a seleção brasileira anunciou que leiloaria duas bolas e uma camisa autografada "em prol da causa". Até hoje, os itens nunca foram vendidos e estão guardados na sede da Federação de Futebol do Espírito Santo.

    Promessas de ajuda às vítimas do rompimento da barragem de Fundão -como essa da CBF- têm sido engavetadas e não são incomuns.

    Oito meses após a tragédia, entidades que ofereceram apoio não conseguiram cumprir seus objetivos e a própria mineradora Samarco, responsável pela barragem, anunciou medidas que atrasaram ou não se concretizaram -a empresa não consegue, por exemplo, impedir que a lama continue poluindo os afluentes do rio Doce.

    Outro leilão de objetos de celebridades também encalhou: um kit de culinária de Ana Maria Braga, um relógio de Fausto Silva, uma camisa da seleção usada por Zico na Copa de 1982 e um avental do programa Masterchef, da "Band", ficaram com a Prefeitura de Mariana.

    Segundo a assessoria do município, o prefeito Duarte Júnior (PPS) vai doar os itens a comissões de moradores atingidos pela tragédia.

    Em abril, a campanha "Tijolos de Mariana" viralizou na internet. Dizia que uma fábrica de tijolos feitos com compostos da lama de rejeitos estava "para sair do papel". Sem revelar o autor do projeto, que pedia doações para construir a fábrica, a página num site estampava logomarcas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem).

    À época, a Folha foi informada pela assessoria da campanha que o material publicado na internet "estava errado". Depois, foi revelado o autor do projeto: a agência publicitária Grey Brasil.

    O MAB, então, divulgou uma nota dizendo que não era parceiro do projeto. A campanha foi suspensa sob a alegação de que não conseguiu o financiamento previsto e o dinheiro foi devolvido.

    Procurado, o diretor da Grey Rodrigo Jatene, disse à Folha que "nunca agiu de má-fé". "Nossa intenção era ajudar." Segundo ele, o projeto poderá ser retomado caso haja financiamento.

    CANDONGA

    Em fevereiro, a Samarco firmou um acordo em que se comprometia a retirar a lama retida na usina de Candonga, a 100 km de Fundão, a partir de março, mas o trabalho começou três meses depois.

    No mesmo documento, se compromete a apresentar um plano de reposição sustentável dos rejeitos que estão na usina. Esta semana, o Ibama voltou a cobrar essa medida.

    A Samarco afirma ter cerca de 4.000 funcionários trabalhando para reparar os danos ambientais causados pelo rompimento, e que também tenta impedir a poluição dos afluentes do rio Doce.

    Segundo a empresa, a primeira etapa de obras está prevista para ser concluída em dezembro. A mineradora também tenta viabilizar o uso de um dique localizado numa área tombada por ser patrimônio histórico para conter a lama.

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