• Cotidiano

    Sunday, 05-May-2024 07:53:22 -03

    Audiência sobre Mais Médicos tem protesto contra ministro da Saúde

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    05/07/2016 16h49 - Atualizado às 17h04

    Uma audiência marcada para discutir a medida provisória que prorroga a participação de estrangeiros no Mais Médicos registrou protestos e tumulto nesta terça-feira (5).

    Seguranças do Senado retiraram cartazes de manifestantes que faziam um discurso no local contra o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Um manifestante foi retirado à força por dois seguranças.

    A confusão ocorreu pouco antes do início da audiência, por volta das 15h. Ao ver que o ministro chegara à comissão, cerca de dez manifestantes levantaram cartazes em prol do Mais Médicos e iniciaram um discurso conjunto contra mudanças nas políticas do SUS.

    "Viemos repudiar todas as medidas de austeridade que diminuem os direitos e as políticas sociais. Nós repudiamos que o SUS não cabe no orçamento, afirmaram. "Barros golpista", emendaram os manifestantes em direção a Barros, já sentado à mesa enquanto ouvia o grupo.

    Seguranças, então, começaram a arrancar os cartazes aos poucos, enquanto parte do grupo já se dispersava. Um manifestante foi retirado à força da comissão ao se recusar a entregar um cartaz que pedia a continuidade do Mais Médicos. Houve tumulto no corredor.

    "Covardes", gritavam o grupo aos seguranças, que tentavam retirá-los do local e impedi-los de voltar à audiência. Em meio ao tumulto, as portas da comissão foram trancadas. Mesmo ao fim do protesto, jornalistas também eram impedidos de voltar para acompanhar a comissão, onde falava o ministro.

    Questionados, seguranças justificaram a reação devido ao início dos trabalhos da mesa e o fato da sala já estar com todos os lugares "cheios". O local, porém, tinha espaços livres.

    Ao sair da comissão, o ministro classificou o protesto como legítimo e negou que tenha orientado os seguranças a retirar os manifestantes. Para Barros, a reação ao discurso foi "exagerada".

    "É uma manifestação legítima. Eles estão defendendo o lado deles", afirmou. "Tenho até sentido falta deles, porque no começo onde eu estava tinha a turma. Tenho andado o Brasil desanimado", disse. "Espero que amanhã não se repita essa reação [contra o protesto]", disse, em referência a uma nova audiência a qual deve participar nesta quarta para explicar a afirmação, dada em entrevista à Folha, sobre uma possível revisão no tamanho do SUS.

    Após sair da audiência, Barros passou no seminário do Marco Legal da Primeira Infância, também no Senado, mas optou por cancelar seu discurso no local. O ministro alegou problemas de agenda.

    Segundo Barros, o ministério deve defender a manutenção da medida provisória, apresentada pela presidente afastada Dilma Rousseff, que prevê a prorrogação da participação de médicos cubanos no Mais Médicos por mais três anos, mesmo sem a revalidação do diploma. Mas defendeu medidas de incentivo a uma maior participação de brasileiros.

    "Enquanto tiver um lugar no Brasil onde não tiver um médico brasileiro que queira ocupar o espaço, terá um médico cubano. Mas a preferência é dos brasileiros", disse.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024