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    Vítima de mega-assalto que teve corpo queimado morre em Ribeirão Preto

    MARCELO TOLEDO
    DE RIBEIRÃO PRETO

    06/07/2016 12h18

    Alfredo Risk
    Bandidos explodem empresa de valores em Ribeirão Preto
    Bandidos explodem empresa de valores em Ribeirão Preto

    Um morador de rua utilizado como "escudo" pela quadrilha que explodiu uma empresa de transporte de valores em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) morreu no HC (Hospital das Clínicas) na madrugada desta quarta-feira (6).

    É a segunda morte provocada pelo mega-assalto à empresa Prosegur, ocorrido nesta terça-feira (5) na zona norte da cidade. Durante a fuga, a quadrilha matou o policial rodoviário Tarcisio Wilker Gomes, 43, com tiro na cabeça.

    Apontado como usuário de drogas pela polícia, o morador de rua Ubiratan Soares Berto, 38, sofreu queimaduras em 60% do corpo e foi levado em estado grave para a unidade de emergência do HC. Ele estava próximo a um dos veículos incendiados pelos criminosos durante a fuga e serviu de "escudo", conforme policiais.

    De acordo com o hospital, Berto morreu às 5h40 desta quarta. Seu corpo deve ser enviado ao Cemel (Centro de Medicina Legal) da cidade. Além das duas mortes, um motorista sofreu um tiro de raspão durante a ação da quadrilha -não corre risco, segundo a polícia.

    É o quarto assalto do gênero em cidades de São Paulo desde novembro, quando homens atacaram uma empresa de transporte de valores em Campinas. Depois, houve casos em março, também em Campinas, e no mês seguinte, em Santos. Excetuando-se o ataque de março, à empresa Protege, os outros tiveram como alvo a Prosegur.

    Ataques cinematográficos e violentos, no entanto, não são exclusividade de cidades paulistas. Desde o segundo semestre do ano passado, foram ao menos 15 ataques a veículos e empresas de transporte de valores em sete Estados.

    De acordo com a Prosegur, nenhum de seus funcionários foi ferido durante o ataque em Ribeirão, que teve ao menos três explosões e mais de mil tiros disparados -a polícia encontrou 597 cartuchos de balas, deflagrados ou intactos.

    Com cerca de 20 homens, a quadrilha utilizou caminhões e até uma retroescavadeira para bloquear ruas no entorno da empresa, no bairro Campos Elíseos, a apenas dois quilômetros do quartel da Polícia Militar na cidade. O grupo trocou tiros com a polícia por cerca de uma hora. Há marcas de tiros de metralhadoras.50 -usadas em baterias antiaéreas- e fuzis em imóveis das redondezas.

    O ataque ocorreu por volta das 4h e deixou a região da empresa no escuro, após os criminosos atirarem em cinco transformadores de energia elétrica. Segundo a concessionária CPFL, 2.265 imóveis ficaram sem energia. Eles também espalharam pregos nas ruas próximas, para furar os pneus dos carros da polícia, e atearam fogo em veículos na fuga. Foi num desses incêndios que o morador de rua foi atingido pela quadrilha.

    A quantia levada não foi informada pela Prosegur, mas policiais afirmaram que o montante roubado pode chegar a até R$ 60 milhões.

    Roubo em Ribeirão Preto

    INVESTIGAÇÃO

    Uma chácara próxima ao local em que o Gomes foi morto foi o local utilizado como esconderijo pela quadrilha. Segundo a Secretaria do Estado da Segurança Pública, a chácara, que fica perto do km 320 da rodovia Anhanguera, foi alugada na última quinta-feira (30). Gomes foi morto no km 321 da Anhanguera, no entroncamento existente com o anel viário de Ribeirão Preto.

    Dois veículos deixados pelos assaltantes na fuga foram encontrados e os policiais militares do Estado, inclusive nas divisas, foram informados das características de veículos que a quadrilha pode ter usado na fuga. A rodovia Anhanguera foi um dos pontos usados na fuga dos cerca de 20 assaltantes -os outros foram uma avenida da cidade e o distrito de Bonfim Paulista.

    O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, disse que existe a possibilidade de elo entre a quadrilha que explodiu a empresa de segurança em Ribeirão com os ataques ocorridos em Campinas e Santos. "Pode ser, não é de se descartar, pode ser. Mas as investigações estão muito no início e é precipitado falar qualquer tipo de coisa, mas pode ser que tenha sim", afirmou ele no velório de Gomes.

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