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    Maioria apoia, mas vê baixa eficácia em plano de Haddad na cracolândia

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    17/07/2016 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    SAO PAULO - SP- 31.01.2014 - Alguns usuarios de crack participantes do programa Bracos Aberto da Prefeitura estao trabalhando sem botas. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, COTIDIANO)
    Participante do programa "De Braços Abertos"; população apoia iniciativa mas vê baixa eficácia

    Embora dois em cada três paulistanos sejam a favor do programa da gestão Fernando Haddad (PT) voltado a usuários de drogas na cracolândia, região degradada do centro de São Paulo, só 21% acreditam que a medida é muito eficiente para recuperar dependentes químicos.

    Para a maioria da população, a estratégia tem baixa ou nenhuma eficácia –45% acham um pouco eficiente, e 27%, nada eficiente, a proposta do "De Braços Abertos", que prevê vagas em hotéis, refeições e remuneração diária de R$ 15 a usuários de crack que participam de frentes de trabalho de varrição.

    Mesmo assim, 69% dos paulistanos afirmam ser a favor dessa iniciativa (e 22% são contra), conforme dados de pesquisa Datafolha.

    Braços abertos - Programa de Haddad na cracolândia não é eficiente para 72% dos entrevistados pelo Datafolha

    O instituto fez 1.092 entrevistas nos dias 12 e 13 deste mês, e a margem de erro da pesquisa é de três pontos para mais ou para menos.

    O levantamento também revelou que só 14% dos moradores de São Paulo aprovam a gestão de Haddad, número mais baixo do mandato. Outros 48% dizem considerar ruim ou péssima a administração do prefeito, que vai tentar a reeleição.

    JOVENS

    O "De Braços Abertos" é conhecido por 58% da população, segundo a pesquisa. A maior aprovação é entre os mais jovens –35% dos entrevistados entre 16 e 24 anos acham esse método muito eficiente. Já entre os mais velhos (com 60 anos ou mais), só 15% têm essa percepção.

    O programa de Haddad gerou polêmica desde a sua implementação, em 2014, ao defender um conceito de redução de danos –diminuição gradativa do consumo de drogas–, e não de internação dos dependentes químicos.

    O modelo reverteu a proposta majoritária até então, que buscava convencer dependentes à internação. Assim que assumiu, Haddad encerrou todos os contratos com unidades terapêuticas de internação, recebendo críticas.

    A ideia do "De Braços Abetos" é que, com a nova renda, os dependentes químicos possam melhorar a qualidade de vida e diminuir a utilização da droga. Os críticos afirmam que, na prática, a verba é usada para comprar mais crack e que, em casos graves, não é possível uma reinserção social antes de haver uma desintoxicação.

    Desde 2014, a quantidade de dependentes no programa soma cerca de 500 –muitos instalados na Luz, próximos ao fluxo de usuários de crack.

    'FAVELINHA'

    A filosofia do programa de Haddad é oposta ao do programa estadual, batizado de Recomeço, que visa a abstinência com internação ou tratamento ambulatorial.

    Nos últimos quatro anos, agentes de saúde do município tentaram, sem sucesso, dar fim à chamada "favelinha" da cracolândia –barracas montadas na rua para esconder o tráfico sob as lonas.

    A prefeitura reclamou da falta de combate ao tráfico por parte da polícia, que, por sua vez, atribuiu responsabilidade à questão social.

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