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    Novo chefe do Ibama na BA tem multa ambiental de R$ 133 mil

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR

    22/07/2016 12h07

    Nomeado para a superintendência do Ibama na Bahia pelo presidente interino Michel Temer (PMDB), Neuvaldo David de Oliveira possui uma multa de R$ 133 mil pendente junto ao próprio Ibama e é parte contrária em um processo movido pelo órgão ambiental.

    O novo gestor também não possui formação ou militância na área ambiental e chegou a se posicionar contra a criação de uma reserva extrativista federal em Caravelas, cidade do extremo sul da Bahia da qual foi prefeito.

    A nomeação foi uma indicação do deputado federal Uldurico Júnior (PV), do mesmo partido do ministro do Meio Ambiente Zequinha Sarney. Ele ainda não tomou posse no cargo.

    A penalidade do Ibama foi aplicada em 2007, quando Neuvaldo era prefeito de Caravelas. O motivo foi a instalação de dez postes na praia Grauçá, numa restinga que é área de preservação permanente.

    "Instalei os postes atendendo a um pedido dos pescadores, que reclamavam de roubos na região. Mas não sabia que tinha que consultar o Ibama", disse Neuvaldo à Folha.

    Ele alega que não consultou o Ibama por "ignorância" e fechou um acordo com a Justiça para recuar em dois metros os postes. Ele também questiona o pagamento da multa, mas o processo ainda não foi julgado.

    Neuvaldo também confirma que foi contra a instalação da reserva extrativista de Cassurubá, unidade de conservação ambiental em Caravelas. Ele diz que, na época, defendia a instalação de um projeto empresarial de produção de camarões na mesma área que geraria mil empregos na região.

    "Mas sempre defendi que o empreendimento fosse feito numa compreensão moderna, com respeito ao meio ambiente", diz. Com a instalação da reserva em 2009, o projeto não foi adiante.

    INDICAÇÕES POLÍTICAS

    A Ascema, associação de servidores do Ibama, divulgou uma carta aberta questionando a nomeação. Presidente da entidade na Bahia, Alberto Gonçalves critica nomeações políticas para os cargos de comando do órgão ambiental.

    "A maioria dos indicados são pessoas sem a devida habilitação e conhecimento do trabalho no campo ambiental. O governo não tem sido responsável nas nomeações", diz Gonçalves.

    O antigo gestor do Ibama na Bahia, Célio Pinto, era analista ambiental e servidor do próprio órgão. Neuvaldo é economista, com pós-graduação em marketing, e atualmente é vice-prefeito de Caravelas pelo PV.

    Diz que, mesmo sem um histórico de militância na causa ambiental, se sente preparado para assumir o cargo: "Não sou um ambientalista daqueles praticantes, mas faço a minha parte".

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