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    Inspeção em aeroporto pega de peso de academia a rolo de macarrão

    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    24/07/2016 02h00

    Divulgação
    Objetos apreendidos na inspeção de bagagens no aeroporto internacional de Guarulhos
    Objetos apreendidos na inspeção de bagagens no aeroporto internacional de Guarulhos

    Não se sabe ao certo com qual objetivo, mas, neste mês, um passageiro tentou embarcar em um avião no aeroporto internacional de Guarulhos portando um peso de academia. Outro foi flagrado com uma raquete elétrica de matar mosquito, dessas que se compram em camelôs, e um terceiro, com um rolo de macarrão feito de madeira.

    Na semana em que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) implementou normas mais rígidas de inspeção de bagagens e de passageiros nos aeroportos brasileiros, a Folha teve acesso a uma lista de itens inusitados que já foram retidos em alguns aeroportos brasileiros, por representarem uma ameaça.

    O pente fino ocorre logo antes da sala de embarque, onde o passageiro é obrigado a passar por um detector de metal e sua bagagem de mão, por um aparelho de raios X.

    Segundo as novas regras para voos domésticos, um agente de segurança pode inspecionar a mala de mão e solicitar a retirada de eletrônicos que prejudiquem a visualização da bagagem no raio X.

    Nessa hora, qualquer item que possa ser uma ameaça deve ser retido. Entre eles estão explosivos, líquidos inflamáveis e armas brancas. Também são proibidos materiais pontiagudos ou cortantes com lâmina maior de 6 cm.

    Foi por uma falha nessa inspeção que, na última semana, a Folha conseguiu entrar num avião que saiu de Congonhas com destino ao Santos Dumont, no Rio, com um estilete de 9 cm. Os dois aeroportos são geridos pela estatal Infraero, que disse que investigará o caso e reforçará a inspeção.

    Estiletes estão justamente entre os itens mais apreendidos nos aeroportos brasileiros, ao lado de tesouras.

    Mas, certa vez, um passageiro teve que se desfazer de seu cinto, pois a sua fivela era um soco inglês e foi considerada uma arma branca pelos agentes de segurança.

    Em outro grande aeroporto do país, Mauro (nome fictício), um agente de segurança, relatou ser comum a retenção de sprays de pimenta, usado por algumas mulheres contra ameaças de assédio. Segundo a Anac, o item é visto como material neutralizante, semelhante a dispositivos de choque elétrico e bomba de gás lacrimogêneo.

    Outra preocupação de agentes de segurança de diferentes aeroportos brasileiros é um vidro do perfume Arsenal, da marca Gilles Cantuel. Com 100 ml, notas cítricas e com menta picante em sua composição, o perfume tem uma embalagem que é réplica perfeita de uma granada.

    Segundo agentes de segurança, o item pode ser visto em voo como uma ameaça. Por isso, armas de brinquedo e réplicas também não entram em aviões comerciais.

    Muitos alegam ignorar as normas de segurança ou terem se esquecido que portavam os itens em suas bagagens. O mais preocupante é quando há má fé do passageiro, o que pode indicar uma intenção ilícita.

    Na última semana, Mauro encontrou uma estrela ninja (arma pontiaguda) escondida sob o forro da bagagem de uma pessoa.

    "Tesouras, facas, canivetes, munições e armamentos a gente pega constantemente nos canais de inspeção. É só passar em frente ao raio X e observar os cestos onde são descartados esses itens proibidos e ver com o que o passageiro tenta entrar num voo no Brasil", diz Mauro.

    Quando há indícios de crimes, os casos são encaminhados e investigados pela Polícia Federal. Já os itens apreendidos, que não são ilícitos, costumam ser incinerados após alguns meses.

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