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    Passageiros reclamam de tempo perdido em aeroporto após nova regra

    PAULO GOMES
    DE SÃO PAULO

    02/08/2016 11h04 - Atualizado às 14h54

    Duas semanas após a implementação das novas regras para voos domésticos, a situação no aeroporto de Congonhas parece ter se normalizado. Na manhã desta terça-feira (2), o caos e as longas filas para embarque no saguão não se repetiram, apesar do movimento intenso de passageiros.

    A Folha esteve no aeroporto no horário de maior fluxo –durante a manhã, antes das 9h. Apenas por um breve momento antes das 6h a fila chegou a descer as escadas rolantes do andar de embarque para o saguão do aeroporto, como ocorreu nos três primeiros dias dos novos procedimentos, mas ainda assim as escadas não tiveram que ser desativadas. Das 6h em diante, não houve transtorno –às 7h20, já com menos passageiros, uma das duas escadas rolantes teve o sentido revertido, passando a ser utilizada para descer ao saguão.

    Para o engenheiro Adriano Morais, 37, que ia ao Rio de Janeiro, a adaptação dos aeroportos aos novos procedimentos foi mal planejada. "Quando mudaram deveriam ter previsto mais gente, mais máquinas e gente mais eficiente", disse ele, sobre os problemas dos primeiros dias das novas regras.

    O principal transtorno para os passageiros ouvidos pela reportagem não é a revista no raio X, mas sim a mudança na antecedência de chegada ao aeroporto.

    Morais disse não ver necessidade nas duas horas antes do voo recomendadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Passageiro frequente, ele embarcou nesta terça pela primeira vez em Congonhas após a adoção das novas medidas. "Em Guarulhos peguei um pouco de fila no embarque, mas foi normal. Não precisa [chegar mais cedo]", afirmou, contrariado com a recomendação.

    AEROPORTOS

    Após chegar ao seu destino desta terça, Morais disse não ter enfrentado problemas na inspeção, mas reclamou do tempo gasto no aeroporto. "Podia ter ficado dormindo. Da próxima vez não vou chegar mais cedo, não", afirmou.

    A estudante de direito Priscila Mroczko, 22, também com viagem para o Rio a trabalho, chegou às 6h para o voo, que decolava às 8h20. "Dois amigos que viajaram nas semanas anteriores me falaram que a crise foi mais nos primeiros dias. Vim cedo mais por precaução, porque moro longe", afirma.

    Para o comerciante Carlos Louzano, 63, a recomendação para chegar mais cedo não surtiu efeito. Ele chegou com pouco mais de uma hora de antecedência para a sua viagem à Belo Horizonte, com decolagem marcada para 6h50. "Estou sabendo mais ou menos [das novas regras]. Mas estou tranquilo", disse Louzano.

    Já para o psicólogo Felipe Sobral, 37, que levou o filho de 13 anos para voltar à Carajás (PA), a sugestão parecia razoável. "Recebi e-mail da companhia aérea no sábado (30) com a recomendação para chegar pelo menos duas horas mais cedo. Não sei como está lá dentro (na inspeção), mas a fila pro check-in estava grande, com bastante gente preocupada em perder o voo", afirmou ele, antes do embarque do filho.

    Eles chegaram às 4h50 para o voo que decolava às 7h10. "É importante. Mesmo assim você vê um monte de gente correndo, atrasada." Depois de falar com o menino durante a escala em Belo Horizonte, no entanto, Sobral mudou de opinião. "Ele disse que estava tranquilo, não teve nada de fila na inspeção. Aí eu vejo que não tem necessidade de chegar tão antes. Gastei R$ 31 de estacionamento, é muito tempo perdido", afirmou.

    Segundo a Infraero, a situação já está normalizada. Antes da nova regra, Congonhas, que tem pousos e decolagens das 6h às 23h, tinha o check-in nas quatro companhias (Avianca, Azul, Gol e Latam) aberto a partir das 5h –agora, os guichês passam a operar às 4h. "Os passageiros já se adaptaram", informa a assessoria de imprensa do órgão.

    OLIMPÍADA

    Com o aumento esperado no fluxo de passageiros entre São Paulo e Rio nos próximos dias por causa da Olimpíada, as empresas aéreas devem adotar a operação padrão para períodos de maior demanda, como as festas de fim de ano ou feriados prolongados. Segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas ), o plano de contingência inclui efetivo completo (sem funcionários de férias no período, por exemplo) e a antecipação da manutenção programada das aeronaves –para não ter aviões parados nos horários de maior fluxo.

    A Abear reitera que as empresas que operam nos aeroportos que não funcionam 24h, como Congonhas e o Santos Dumont, no Rio, estão abrindo o check-in presencial às 4h, como informou a Infraero, desde que a nova regra entrou em vigor, no dia 18. A associação recomenda aos passageiros que utilizarem os aeroportos de Rio e São Paulo no período da competição antecedência de 1h30 a 2 horas do horário de saída.

    Na segunda, de acordo com a Abear, o aeroporto do Galeão, no Rio, registrou o maior movimento até agora de atletas das Olimpíadas. Foram 33 voos e 2.100 pessoas envolvidas na competição.

    Companhia aérea oficial da Rio-2016, a Latam iniciou nesta segunda-feira (1º) sua operação especial para a Olimpíada. Entre as medidas adotadas pela empresa está a criação de uma central especial de controle apenas para lidar com a demanda dos Jogos, cadeiras de rodas adaptadas para o corredor das aeronaves e a disposição de aviões reserva em caso de necessidade. Nos dois aeroportos do Rio, a Latam terá 150 voos domésticos adicionais no período dos Jogos.

    MUDANÇAS NOS AEROPORTOS - Regras de segurança em voos nacionais passam a ser parecidas com as de voos internacionais

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