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    Contra Uber, táxis copiam modelo e anunciam descontos em SP

    GIBA BERGAMIM JR.
    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    02/08/2016 02h00

    Zanone Fraissat-10.fev.2014/Folhapress
    O empresário Paulo Veras, dono da empresa 99táxis, que calcula ter domínio de 60% do mercado de aplicativos de táxi =
    O empresário Paulo Veras, dono da empresa 99táxis, que passará a aceitar motorista particular

    A disputa por passageiros com aplicativos de transporte como Uber provocará novas mudanças nos serviços atualmente prestados por taxistas em São Paulo.

    Líder no mercado de aplicativos para táxi, a empresa 99 decidiu que aceitará motoristas particulares na cidade a partir de 31 de agosto. Na prática, atuará num modelo semelhante ao do Uber, como antecipou a Folha.

    Além disso, um dos sindicatos dos taxistas, que representa os motoristas de frota, lançou uma campanha para que os táxis ofereçam descontos de até 30% nas corridas a partir desta quarta-feira (3) –para concorrer com os preços mais baixos dos aplicativos de motoristas particulares, como Uber, Cabify e EasyGo.

    Ao mesmo tempo em que acirram a concorrência, as novas medidas já provocaram um racha na categoria. "O táxi tem preço regulado por lei. Não se pode cobrar nem mais nem menos, senão fica insustentável", disse Natalício Bezerra, presidente do sindicato dos taxistas autônomos, contrário ao desconto.

    Para ele, os serviços com carros particulares não são confiáveis. "Esse sistema não funciona. Você vai entrar em um carro dirigido por qualquer um?", questiona.

    PARTICULAR

    O aplicativo antes batizado de 99taxis e que agora se apresenta apenas como 99 ampliou a polêmica ao dizer que, além de contratar novos motoristas com carros particulares, também pretende incentivar os taxistas a atuarem nessa modalidade.

    Há uma legislação federal que exige uso do taxímetro em táxis de cidades com mais de 50 mil habitantes, mas a gestão Haddad (PT) não respondeu à reportagem se essa atuação do 99 seria regular. Em outras ocasiões, a Secretaria Municipal de Transportes disse que quem usa táxis em "aplicativos estranhos a esta natureza, como o Uber" pode ter o alvará cassado. Já a 99 diz que não vai infringir nenhuma lei.

    A vantagem para os passageiros, nesse caso, é pagar uma tarifa mais barata e ainda poder circular por corredores e faixas exclusivas de ônibus, já que apenas táxis estão liberados pela Prefeitura de São Paulo nesses locais.

    Para os taxistas, haverá um lucro menor por viagem caso eles atuem como motoristas particulares. Mas, para a empresa, com os baixos preços haverá mais procura e será possível ampliar a quantidade de viagens e clientes.

    "Seria ruim da nossa parte ignorar que houve mudança e que o mercado é outro", diz Pedro Somma, diretor de relações institucionais da 99. Antes da empresa, o Easy Taxi, outro aplicativo originalmente voltado para os taxistas, também passou a aceitar motoristas particulares.

    Inicialmente, a 99 irá abrir mil vagas para esse serviço. O carro precisará ter até cinco anos de uso e, no processo seletivo, motoristas com condutax (licença para dirigir táxi) serão priorizados para os casos de desempate.

    DESCONTOS

    Já o Simtetaxis (sindicato dos taxistas que trabalham para frotas) lançou a campanha para incentivar taxistas a darem descontos de até 30% nas corridas. "A ideia é resgatar os clientes que perdemos. Vamos trabalhar mais um pouco, mas vamos recuperar nosso lucro", disse o presidente do Simtetaxis, Antonio Matias.

    Nesta quarta (3), a entidade vai distribuir 15 mil adesivos aos taxistas para identificar aos passageiros que aqueles veículos dão esse desconto. Mas não será obrigatório ter a etiqueta para oferecer corridas mais baratas que a tarifa oficial.

    Como funcionao Uber

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