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    RN quer Exército nas ruas por 2 meses para instalar bloqueador em presídios

    RENATA MOURA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL

    05/08/2016 02h00

    Renata Moura/Folhapress
    Homens do Exército próximo a ônibus queimado na praia Brasilia Teimosa, em Natal
    Homens do Exército próximo a ônibus queimado na praia Brasilia Teimosa, em Natal

    Após demora no envio do Exército ao Rio Grande do Norte com a onda de ataques a ônibus e bases policiais, o governo potiguar pediu que se prolongue a estadia do efetivo por dois meses.

    O pedido foi feito pelo governador Robinson Faria (PSD) ao ministro Raul Jungmann (Defesa) nesta quinta-feira (4), em visita ao Estado.

    Desde sexta-feira (29), foram 106 ataques em 33 cidades. As tropas começaram a fazer patrulhas em pontos turísticos e locais de maior movimentação –o plano não envolve áreas da periferia, a cargo da Polícia Militar.

    A permanência de até 60 dias foi pedida, segundo o governador, para que o Estado possa instalar bloqueadores de celulares em todas as unidades prisionais do Estado.

    Hoje, o aparelho funciona em apenas um presídio e seu funcionamento recente é o principal argumento do governo para explicar o motivo da sequência de atentados.

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    "Que o senhor [Jungmann], com coração nordestino, pernambucano, nos ajude a cumprir nossa missão, de instalar esse sistema em todos os presídios", disse Faria.

    O ministro adiantou, no entanto, que o prazo oficial é 16 de agosto, que a decisão de estender o prazo cabe ao presidente interino e terá de ser avaliada. A formalização do pedido "ainda está em andamento" e deverá ser enviada à Presidência "em breve", diz o governo potiguar.

    "Tenho certeza de que com o Estado resgataremos a ordem", disse Jungmann.

    DEMORA

    Apesar da sequência de ataques desde sexta-feira, o Exército chegou ao Estado somente na quarta-feira (3). O presidente interino Michel Temer (PMDB) já havia autorizado no fim de semana o envio de tropas, mas o Exército disse que o pedido foi feito oficialmente só na terça.

    Procurado nesta quinta, o Exército afirmou que o intervalo entre a autorização de Temer e a efetiva chegada das tropas "foi o prazo necessário para mobilizar e deslocar a tropa", e que tudo ocorreu "dentro do previsto".

    São 32 presídios no Estado. Só com um bloqueador, o Estado paga de aluguel mensal R$ 29 mil. O governador diz ter orçamento para o gasto com as demais unidades.

    Cem suspeitos de envolvimento foram presos ou apreendidos (há, entre eles, adolescentes). Mesmo com a chegada do Exército, na madrugada desta quinta, detentos de Parnamirim fizeram uma rebelião e tentaram danificar os bloqueadores.

    Com os 1.350 homens do Exército e da Marinha em Natal e na região metropolitana, a ideia é liberar a PM para se deslocar para periferias e cidades do interior. Além do efetivo já deslocado, outros 524 homens estão de prontidão no Ceará.

    As atribuições das tropas que estão nas ruas desde a noite de quarta são fazer prisões em flagrante e patrulhamento nas principais vias de acesso ao centro, bancos, rodovias e no eixo turístico.

    Renata Moura/Folhapress
    Homens do Exército próximo a ônibus queimado na praia Brasilia Teimosa, em Natal
    Ônibus queimado na praia Brasilia Teimosa, em Natal

    Nesta quinta, a prefeitura de Natal anunciou que a guarda municipal escoltaria linhas de ônibus que circulam até mais tarde.

    Segundo Jungmann, para evitar ações do tipo em outras capitais, a solução seria a União editar uma lei que libere a instalação de bloqueadores em todos os Estados –o Supremo Tribunal Federal entendeu como inconstitucionais leis estaduais que regulavam o tema.

    Ele também informou que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) estuda uma solução para o caso.

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